sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon pede melhorias nas condições de vida em favelas para erradicar tuberculose

*Texto e imagens extraídos do site: ONU Brasil

                                            Família em uma favela em Mumbai. Foto: OMS / David Rochkind

Em conferência no sábado (17) para discutir o financiamento do Fundo Global contra AIDS, Tuberculose e Malária, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou a iniciativa que já ajudou a salvar 20 milhões de vidas desde sua criação em 2002. Mas alertou que a falta de saneamento e condições de vida em favelas são obstáculos à erradicação da malária e da tuberculose, respectivamente.

Anualmente, o Fundo angaria 4 bilhões de dólares que são investidos em programas coordenados por especialistas locais nos países e comunidades que mais precisam dos recursos. O objetivo é acelerar a resposta às doenças.

O dirigente máximo das Nações Unidas destacou que a erradicação dessas três infecções é intrínseca aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Segundo Ban, apesar de diferentes, todas as metas da Agenda 2030 visam ao bem-estar de todos.

“E é por isso que o Fundo Global acentuou seu foco em direitos humanos, populações-chave e igualdade de gênero em seu novo quadro estratégico”, disse o secretário-geral durante o encontro, em Montreal. Relatórios recentes da iniciativa indicam ainda a importância do investimento em educação para a prevenção do HIV.

Sobre a tuberculose, Ban Ki-moon enfatizou a necessidade de melhorar as condições de vida em favelas urbanas com alta densidade populacional. E para eliminar a malária, o chefe da ONU pediu um gerenciamento mais adequado dos recursos hídricos e das redes de saneamento.

“A cobertura universal de saúde é uma das metas do ODS nº 3”, lembrou o dirigente, que explicou ainda que mais de 40% dos investimentos do Fundo Global vão para o estabelecimento de sistemas de saúde resilientes e sustentáveis. A tendência é de que essa proporção aumente para preservar as conquistas já obtidas.

“Um desafio crescente é a resistência antimicrobiana. Isso ameaça nossa resposta a todas (essas doenças)”, ressaltou Ban.

Para debater esse tema, líderes mundiais se reunirão na quarta-feira (21), em evento paralelo à 71ª sessão do debate geral da Assembleia Geral.

Descrevendo o Fundo Global como um exemplo de sucesso e de amplas parcerias capazes de unir setor privado, sociedade civil, organizações e atores a nível local, o secretário-geral pediu contribuições maiores dos doadores que mantêm a iniciativa. Promessas recentes incluíam a duplicação da verba disponibilizada por empresas para o programa.




quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Últimos dias para inscrição na 2ª Edição do Curso em Educação Popular em Saúde

*Texto e imagem extraídos do Blog da Saúde

Interessados têm até a próxima segunda-feira para se inscrever na seleção.

Estão abertas as inscrições para segunda edição do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde (EDPopSUS). São dois editais: um para seleção de alunos que irão fazer o curso e outro para seleção de educadores populares, que atuarão como facilitadores do curso. O prazo de inscrição para o curso vai até o dia 26 de setembro. As inscrições são gratuitas.

Ao todo serão 2.345 vagas para educandos (alunos) distribuídas por 10 estados,  sendo que 70% de vagas são reservadas para Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Endemias. O restante das vagas será destinado aos demais profissionais da atenção básica, lideranças comunitárias e integrantes dos movimentos sociais. Já para seleção de facilitadores foram destinadas 174 vagas, incluindo suplência. Os selecionados para as vagas de educadores populares I e  II receberão bolsa mensal no valor de R$1.500,00.

 O Curso do EDPopSUS é uma realização da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) do Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Apoio à Gestão Participativa, em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fiocruz. Este curso faz parte das ações estratégicas da Política Nacional Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS).  O objetivo do curso é o de contribuir com a implantação da PNEPS-SUS, promovendo a qualificação da prática educativa de profissionais e lideranças comunitárias que atuam em territórios com cobertura da Atenção Básica do SUS.

Oferecido na modalidade presencial e com a duração de 160 horas, sendo 24 horas de trabalho de campo, o curso do EDPopSUS está estruturado em eixos temáticos que pretendem dar subsídios para os alunos refletirem criticamente sobre seu próprio trabalho e atuar a partir dos princípios, lógicas e ferramentas da Educação Popular em Saúde.

Editais e a ficha de inscrição estão disponíveis no site no Programa de Qualificação em Educação Popular em Saúde - www.edpopsus.epsjv.fiocruz.br

Aedê Cadaxa, para o Blog da Saúde

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A tuberculose mata três pessoas a cada minuto – o mundo precisa acordar para essa pandemia

*Texto traduzido do site do jornal The Guardian

Dr Jess Potter e Dr Chhim examinam um raio-x de um paciente com TB no hospital de Kampong Cham, Camboja. Foto: Tom Maguire

A principal causa de morte por doença infecciosa em todo o mundo, a tuberculose (TB), está associada com a imigração no Reino Unido. Lá, eu disse. Agora vamos seguir em frente, porque nenhuma parede à la Donald Trump ou Brexiteer vai manter a TB do lado de fora. Devemos proibir a migração então? Francamente, esta é uma noção ridícula; daquelas que até mesmo o mais isolacionista teria que se virar para justificar.

Há realmente apenas uma escolha - é preciso atacar a TB em escala global e isso significa a necessidade de investimento no exterior

Alguns poderão argumentar que poderíamos aumentar nossa atual política de rastreio para TB (pessoas que desejam mudar para cá de países onde a tuberculose é comum seriam verificados pré-entrada) para incorporar testes e tratamento para a forma silenciosa ou latente da doença, mas isso não cobriria os milhões de pessoas que vêm para o Reino Unido por até seis meses com um visto de turista. Isso sem mencionar as considerações éticas. Em qualquer caso, não existe, atualmente, uma maneira eficaz de tratar a forma latente de TB resistente a múltiplos fármacos (MDR-TB). Então, na minha opinião, há realmente apenas uma escolha - é preciso atacar TB em escala global e isso significa mais investimentos no exterior.

Para aqueles de vocês que pensam que a tuberculose foi erradicada há muito tempo, consignada à história com os gostos de Edgar Allen Poe, pense novamente. Em 2014, estima-se que 9,6 milhões de pessoas ficaram doentes por tuberculose [pdf - em inglês] - que é o equivalente a quase toda a população da Suécia. E o equivalente a quase todos os que vivem em Estocolmo - 1,5 milhão - morreram da doença. A TB mata três pessoas a cada minuto. Se o imperativo moral para salvar essas vidas não é suficiente, a carga econômica global de TB é estimada em US $ 12 bilhões (£ 9 bilhões) anualmente. (em inglês)

A TB prospera em sistemas de saúde fraturados e subfinanciados

Em 1993, depois de décadas de declínio, as mortes por TB voltaram a aumentar. A OMS declarou a tuberculose como uma emergência global e casos de TB em partes de Londres tornaram-se tão comuns como em algumas áreas da África Subsaariana.

A pandemia global TB tem sido alimentada pela negligência: a vontade política é limitada, o investimento em diagnósticos, medicamentos e vacinas é pobre, e a epidemia de HIV desempenhou o seu papel com quem sofre cerca de 27 vezes mais probabilidade de contrair tuberculose (em inglês). A doença, em particular a TB-MDR, prospera nos sistemas de saúde fraturados e subfinanciados. A TB gera perdas globais de US $ 12 bilhões anualmente e são necessários US $ 6,4 bilhões para acabar com esta epidemia. Não sou economista, mas me parece claro onde devemos gastar o nosso dinheiro.

Em 2002, o Fundo Global de Luta contra a Tuberculose, HIV e Malária foi estabelecido. Sua estratégia de oferecer financiamento aos países e promover uma abordagem de parceria entre a sociedade privada, pública e civil, terá salvado um número estimado de 22 milhões de vidas até o final deste ano. As metas de desenvolvimento do milênio para virar o jogo sobre estas epidemias em 2015 foram alcançadas: novas infecções pelo HIV caíram 38%, as mortes por TB caíram 45%, e o número de novos casos de malária caiu em 37%.

Para TB, o Fundo Global fornece mais de 75% de todo o financiamento internacional. Sem o fundo, não haveria uma resposta internacional à doença infecciosa que mais mata no mundo. Para se ter uma noção do papel do Fundo Global na luta contra a TB, em especial, vou usar o Camboja como um estudo de caso.

Emergindo da devastação de genocídio e décadas de guerra civil da era Pol Pot, o sistema de saúde do Camboja estava em frangalhos no início dos anos 1990. O Camboja é um dos países com alta carga de TB segundo a OMS. Um estudo de prevalência em 2002 indicou que 1,5% da população tinha a doença. Minha visita recente mostrou claramente que, desde então, com o apoio do financiamento internacional,  e com um ministério da saúde engajado e um bem concebido Programa Nacional de TB, o Camboja reduziu a prevalência de TB em aproximadamente 50%.

Dr Mao Tan Eang, diretor do programa nacional de TB nacional (NTP), me disse que a chave para acabar com a TB tem sido fechar a lacuna de recursos. Em 2015, apenas 12% do programa de TB foi financiado com recursos nacionais, 47% foi financiado por doadores estrangeiros (metade dos recursos vieram do Fundo Global), e o restante ficou sem financiamento.

O objetivo do desenvolvimento sustentável número três da ONU requer garantias para uma vida saudável com a ambiciosa meta de acabar com as epidemias de Aids, tuberculose e malária até 2030. Se queremos alcançar estes objectivos, temos de acabar com o déficit de financiamento.

Este mês, o Canadá será a sede da 5ª Conferência de reposição de recursos do Fundo Global. O Canadá aumentou sua doação em 20%, a França já prometeu US $ 1.08bn, mas o Reino Unido e a Alemanha ainda não fizeram doações. Existe um imperativo moral e um forte argumento econômico para fazê-lo, e se há ainda alguma chance de sucesso, ela pode ser ameaçada por um financiamento insuficiente, a ambivalência pública e as políticas nacionais.

No século passado, perdemos o controle. Não vamos fazê-lo novamente. O progresso que fizemos desde nos deu uma plataforma a partir da qual podemos ousar sonhar em livrar o mundo dessas doenças devastadoras, mas apenas se trabalharmos juntos. Por enquanto, vamos esperar ansiosamente para descobrir se o governo britânico vai cumprir com suas responsabilidades. Vidas estão na balança.

Jessica Potter é médica e pesquisadora do Centro de Atenção Básica e Saúde Pública  do Blizard Institute, da Queen Mary University of London. Siga @DrJessPotter no Twitter.



terça-feira, 6 de setembro de 2016

Copresidente da Frente Parlamentar de Tuberculose das Américas estabelece importantes compromissos pela luta contra a doença na Argentina


Nos dias 23 e 24 de agosto, o deputado uruguaio e copresidente da Frente Parlamentar de Tuberculose das Américas, Luis Enrique Gallo, esteve na Argentina com o propósito de elevar o perfil da tuberculose entre o parlamento e governo argentinos. A intensa agenda da visita foi centrada no diálogo sobre como os diferentes órgãos do governo podem priorizar o tema em suas dinâmicas de trabalho.

A deputada argentina Gisela Scaglia organizou uma sessão especial de tuberculose na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados da Nação, onde o deputado Luis Gallo pode expor dados atuais sobre a doença no país e no mundo, e clamar pelo envolvimento dos deputados na luta contra a tuberculose. Os parlamentares se comprometeram a lançar uma rede nacional da Frente, em conjunto com o senado, até março de 2017.

O Senado também organizou um momento para receber Gallo para discutir as ações futuras da luta contra a tuberculose no país e na região. Juntos, os parlamentares estabeleceram estratégias para a priorização da tuberculose como agenda permanente nos diferentes fóruns parlamentares como o Parlatino e Parlamento Caribenho.

Gallo também foi recebido no Ministério da Saúde e reafirmou o apoio à iniciativa parlamentar, acordando em unir os esforços para abordar os principais desafios na luta contra a doença no país, fornecendo dados e informações relevantes que servirão como base para a criação de projetos de lei e ações relevantes. Um dos temas levantados como possível área de cooperação para a região foi o diálogo para estabelecimento de compra conjunta de medicamentos para a tuberculose para atender as frequentes roturas nos estoques dos países. O deputado levará o tema à próxima reunião da Frente das Américas.

A representante da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) da Argentina, Dra. Maureen Birgham também recebeu o deputado e ofereceu o apoio da organização para as ações da Frente no país. A OPAS tem sido uma das principais organizações parceiras da Frente, desde seu estabelecimento, e o fortalecimento desse vínculo nos países é de suma importância.


O deputado foi ainda recebido pelo Vice Chanceler Carlos Foradori e sua equipe para discutir a importância da agenda sobre resistência antimicrobiana no âmbito do G20, bem como a importância da tuberculose resistente como pauta desta agenda. O Embaixador e Vice Chanceler se comprometeu com a priorização da pauta da tuberculose na agenda de saúde global do ministério, propondo levar o tema para a próxima reunião de Chefes de Estado do UNASUL.


Oportunidade de financiamento para ações de HIV/Aids voltadas para populações-chave

O Departamento de Estado do Gabinete do Coordenador Global dos Estados Unidos para AIDS e Diplomacia da Saúde (S/GAC) publica um Aviso de Oportunidade de Financiamento (NOFO – Notice of Funding Opportunity) para as organizações que se candidatem ao "Fundo de Investimento populações-chave (KPIF – Key Polulations Investment Fund)", de acordo com a disponibilidade de fundos.

O objetivo do KPIF é apoiar o aumento das ações executadas pela população-chave (KP – key population) para melhorar e expandir os serviços de qualidade para HIV/Aids voltados para as populações-chave. O KPIF irá abordar o estigma, a discriminação e a violência contra esses grupos populacionais. O fundo visa à criação de serviços de qualidade que proporcionem o aumento da testagem para o HIV, melhoria na articulação dos serviços de prevenção e tratamento do HIV e a supressão da carga viral para mitigar a epidemia de HIV entre essas populações.

As doações deverão ser repassadas das organizações que recebem para as iniciativas que estejam baseadas nas comunidades para trabalhar as áreas e populações-chave destacadas abaixo:

Populações-chave são definidas como: homens gays e homens que fazem sexo com homens (HSH); transgêneros (TG), profissionais do sexo (PS), pessoas que usam drogas injetáveis ​​(PUDI), e as pessoas privadas de liberdade e em outros ambientes fechados.

Os países elegíveis são aqueles que se enquadram no âmbito do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da Aids (Pepfar):

Os candidatos aprovados deverão demonstrar as capacidades e/ou experiência nas seguintes áreas:
1) Prestação de serviços de saúde às populações-chave integrado à defesa dos direitos humanos e respeito por todas as pessoas;
2) Solicitação e gestão de recursos destinados a organizações de base comunitária;
3) Assistência técnica, monitoramento de impacto e avaliação do programa, especialmente no que se referem à gestão de pequenas subvenções;
4) Capacidade para participar em um processo de planejamento baseado em dados;
5) Relações de colaboração fortes com organizações de base comunitária lideradas por populações-chave;
6) Construir relacionamentos com as partes interessadas relevantes no país, particularmente os programas do PEPFAR e,
7) Fortalecimento da capacidade organizacional e apoio à gestão do programa.

Os candidatos aprovados também devem demonstrar conhecimento da efetiva prevenção, cuidados com o HIV e intervenções de tratamento relacionados com as populações-chave existentes no país ou região; atividades apoiadas pelo PEPFAR, outros doadores, os governos locais / nacionais, e o Fundo Global Combate à Aids, Tuberculose e Malária (Fundo Global).

A data limite para o envio das candidaturas é o dia 21 de outubro de 2016.

Para saber mais, acesse o documento original em inglês.