Sobre a Tuberculose

*As informações desta página foram extraídas do Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil, Ministério da Saúde.

O que é tuberculose?
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões (tuberculose pulmonar), embora possa acometer outros órgãos e sistemas (tuberculose extrapulmonar).

Qual a causa da tuberculose?
A tuberculose é causada por bactérias que integram o complexo Mycobacterium tuberculosis

A tuberculose é uma doença grave?
Sim. A tuberculose quando não diagnosticada e tratada adequadamente pode matar. A doença se torna grave quando diagnosticada tardiamente, quando há uso inadequado da medicação, realização do tratamento de forma irregular ou abandono do tratamento.

Quais são os sintomas da tuberculose?

Em adolescentes e adultos jovens, o principal sintoma da tuberculose pulmonar é a tosse (por três semanas ou mais), associada ou não a febre (especialmente à tarde), suor intenso à noite, falta de apetite e emagrecimento. 

Em crianças menores de 10 anos de idade, a febre moderada e persistente é a principal manifestação clínica. Também são comuns irritabilidade, tosse, falta de apetite, perda de peso e suor intenso à noite.

Nas formas extrapulmonares de tuberculose, que são menos frequentes, os sinais e sintomas variam de acordo com o órgão ou sistema acometido.

Na presença dos sinais e sintomas acima descritos, é importante procurar um serviço de saúde da rede SUS para avaliação.

Como se transmite a tuberculose?
A tuberculose é uma doença transmitida de pessoa a pessoa a partir da inalação de partículas muito pequenas (aerossóis) eliminadas por pessoas com tuberculose ativa. 

Somente pessoas com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea transmitem a doença e, em geral, após 15 dias de tratamento adequado elas já não são mais capazes de infectar outras pessoas.

IMPORTANTE: A tuberculose não se transmite pelo compartilhamento de roupas, lençóis, copos e outros objetos.

Como a tuberculose passa de uma pessoa a outra?
A pessoa com tuberculose no pulmão pode passar o germe/bacilo para outras pessoas pela tosse, fala ou pelo espirro. O contato direto com o paciente em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, representa maior chance de outra pessoa ser infectada com a bactéria causadora da doença.

Todas as pessoas que se infectam por tuberculose adoecem?
Não. Estima-se que 10% das pessoas que se infectam com o bacilo da tuberculose desenvolvam a doença (5% nos primeiros dois anos após a infecção e 5% tardiamente). 

Uma vez infectado pelo bacilo da tuberculose, quem tem maior risco de adoecer?
Têm maior risco de adoecer por tuberculose as crianças menores de cinco anos de idade, os idosos e os portadores de outras doenças imunodepressoras (como a aids e o diabetes) ou tratamentos imunossupressores para doenças autoimunes, transplantes e câncer.

Existem grupos populacionais com maior risco para o adoecimento por tuberculose?
Sim. Pessoas vivendo com HIV/aids, privados de liberdade (população presa), pessoas em situação de rua e indígenas apresentam maior risco de adoecimento por tuberculose, devido às condições de saúde e de vida a que estão expostos. Nesses grupos, a suspeita de tuberculose deve ser feita com tempo de tosse menor, a saber: duas semanas ou mais para pessoas vivendo com HIV/aids, indígenas, privados de liberdade e independentemente do tempo de tosse para pessoas em situação de rua.

Como a tuberculose pulmonar é diagnosticada?
Para diagnosticar a tuberculose é necessário realizar o exame de escarro (baciloscopia, cultura ou teste molecular rápido para tuberculose). São necessárias duas amostras de escarro: uma colhida no momento da 1ª consulta e outra colhida na manhã do dia seguinte, ainda em jejum. Outros exames também podem ser solicitados (como radiografias, tomografias, biópsias, etc). O raio-x de tórax é um exame que auxilia no diagnóstico da tuberculose.

Se o resultado do exame de escarro for negativo (baciloscopia negativa), a pessoa examinada não transmite a doença.

Como tratar a tuberculose?

Tuberculose tem cura! Oferecido apenas na rede SUS, o tratamento é gratuito, tendo duração de no mínimo seis meses, com tomada diária de medicamento. Há casos em que o tratamento precisa ser estendido por mais tempo, a depender da avaliação clínica e de resultados de exames laboratoriais.

É comum que após as primeiras semanas de tratamento, o paciente observe melhora total dos sinais e sintomas. No entanto, isto não quer dizer que a doença está curada. 

ATENÇÃO: Para obter a cura é necessário completar todo o tratamento!

A falta de adesão, o abandono ou o uso irregular dos medicamentos podem causar resistência dos bacilos ao tratamento, o que complica o quadro clínico e demanda tratamento por um maior período de tempo (18 a 24 meses).

Em caso de efeito colateral, o paciente deve procurar atendimento com urgência para avaliação por um profissional de saúde. O medicamento só deverá ser suspenso por orientação de um profissional capacitado após essa avaliação.


O Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil, do Ministério da Saúde, destaca alguns efeitos possíveis da medicação:


Onde tratar a tuberculose?
O Ministério da Saúde preconiza que o diagnóstico e o tratamento da tuberculose sejam realizados na Atenção Básica. No aparecimento dos sintomas, a pessoa deve procurar a unidade de saúde mais próxima da sua residência.

Atualmente a maior parte dos casos de tuberculose é tratada ambulatorialmente e não há necessidade de internação hospitalar. No entanto, considerando o longo tempo de tratamento, recomenda-se que os casos recebam o tratamento diretamente observado (TDO), ou seja, que a tomada de medicamentos seja observada diariamente por um profissional da equipe de saúde capacitado, na residência do paciente ou na unidade de saúde mais próxima.

A hospitalização está indicada somente para as situações mais complicadas, comotuberculose meningoencefálica, outras doenças que demandem internação, realização de cirurgias ou efeitos adversos graves provocados pelos medicamentos. Também podem ser internados os pacientes que se encontram em vulnerabilidade social (pessoas em situação de rua, alcoolistas e usuários de outras drogas).

Qual a importância do Tratamento Diretamente Observado da tuberculose?
O Tratamento Diretamente Observado (TDO) da tuberculose é importante porque permite uma adesão adequada ao tratamento de tuberculose, favorece a orientação diária dos usuários pelos profissionais de saúde, otimiza as condutas da equipe de saúde frente aos problemas observados, cria vínculo entre o usuário e a unidade de saúde, ou seja, evita o abandono de tratamento e favorece a cura dos doentes.

Como se previne a tuberculose?
A prevenção da tuberculose consiste em vacinar com BCG as crianças menores de quatro anos de idade, tratar preventivamente pessoas infectadas com maior risco de adoecimento e implementar medidas de controle de infecção. Manter os ambientes arejados ajuda a prevenir a transmissão da tuberculose.

O que é vacina BCG e para que serve?
Oferecida pelo SUS, a vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guerin) é elaborada a partir de M. bovis atenuados. Para prevenir a tuberculose é necessário imunizar as crianças obrigatoriamente no primeiro ano de vida ou no máximo até quatro anos, com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de aids não devem receber a vacina. Ela não previne o adoecimento por tuberculose, mas evita o desenvolvimento das formas mais graves em menores de cinco anos de idade.

As pessoas que convivem com os doentes, precisam tratar de tuberculose?
Todas as pessoas que moram na mesma casa do doente com tuberculose, contatos próximos de trabalho próximo ou outros com convivência próxima e contínua precisam ser examinadas. 

Isto significa que todos deverão fazer exames e após avaliação, se identificado outra pessoa doente, inicia-se o tratamento da tuberculose, se infectado com a bactéria da tuberculose, em alguns casos recomenda-se a o tratamento preventivo da infecção latente da tuberculose, ou seja, uma profilaxia para diminuir o risco apresentar tuberculose ativa.

Como é o tratamento preventivo da tuberculose?
Em determinadas situações (como em contatos recentes de casos de tuberculose ativa e em pessoas vivendo com HIV/aids), pode-se tratar a infecção latente de tuberculose a fim de se evitar que a pessoa adoeça.

Para indicar o tratamento da infecção latente, é necessário avaliar o risco de adoecimento de cada pessoa (por avaliação clínica e prova tuberculínica) e excluir a possibilidade de tuberculose ativa por meio de avaliação e de exames.

O tratamento da infecção latente de tuberculose é feito com isoniazida diariamente durante seis ou nove meses e quando bem indicado, reduz em 60% a 90% o risco de adoecimento. 

Quais são as medidas de controle de infecção para tuberculose?
Para reduzir a transmissão da tuberculose é importante: 

organizar fluxos de atendimento na unidade de saúde, priorizar o atendimento de pessoas com tosse e buscar casos suspeitos de tuberculose;
promover adequada ventilação e iluminação dos locais em que há maior risco de transmissão dos bacilos (serviços de saúde, albergues, asilos, residências e unidades prisionais);
oferecer máscara cirúrgica para as pessoas com tosse nos serviços de saúde e máscara de proteção respiratória (PFF2 ou N95) para profissionais de saúde.

O que é prova tuberculínica?
A prova tuberculínica consiste na aplicação de uma injeção intradérmica de um derivado proteico purificado do M. tuberculosis (PPD) para medir a resposta imunológica local. O resultado do exame é avaliado pelo tamanho da reação no local de aplicação após 48 a 72 horas.  É particularmente importante na avaliação de contatos de pessoas com tuberculose e como método auxiliar para o diagnóstico da tuberculose na criança.

A tuberculose é mais comum em homem ou em mulher?
A tuberculose está mais presente em homens, provavelmente, pela maior exposição ao germe associado a fatores ou situações de risco, como o uso de álcool e fumo. Além disso, os homens acessam menos os serviços de saúde afastando do diagnóstico precoce da TB.

Porque a pessoa com tuberculose deve fazer o teste para aids?
Recomenda-se que todas as pessoas em tratamento de tuberculose realizem o teste de HIV (teste rápido ou ELISA) o mais precocemente possível, desde que o paciente concorde em fazer esse teste. No Brasil, cerca de 10% das pessoas com tuberculose estão infectadas pelo vírus HIV e as pessoas coinfectadas com tuberculose e HIV devem ser oportunamente e adequadamente tratadas para ambas as doenças.

A pessoa tabagista com tuberculose tem que parar de fumar?
É aconselhável que a pessoa com tuberculose pare de fumar, isto vai melhorar sua saúde como um todo. Porém, caso a pessoa não consiga e nem queira parar de fumar, deve continuar a tomar os medicamentos da tuberculose normalmente. O profissional de saúde deve recomendar o programa de combate ao tabagismo que existe nos Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS).

A pessoa com tuberculose tem que parar de beber?
É recomendável sempre, que em uso de antibióticos, não se utilize substâncias como álcool e outras drogas, em função do risco de graves complicações, como por exemplo, hepatite. Porém, caso a pessoa não consiga e nem queira parar de beber, principalmente alcoolistas, deve continuar a tomar os medicamentos da tuberculose normalmente, reforçando estratégias de adesão junto a familiares e profissionais de saúde. O profissional de saúde deve encaminhar o usuário ao programa de combate a álcool e drogas existentes nos Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS).

Uma mulher grávida pode fazer o tratamento de tuberculose? Pode amamentar? 
Sim. A mulher grávida deve fazer o tratamento da tuberculose, uma vez que os medicamentos são seguros e não causam problemas ao bebê. No caso de amamentação, não existe contra-indicação. Entretanto, é recomendável o uso de uma máscara ao amamentar durante o período de transmissão da doença, principalmente nos primeiros quinze dias de tratamento.

O que é a tuberculose drogarresistente?
Tuberculose drogarresistente, também conhecida como tuberculose resistente, ocorre quando a pessoa com tuberculose apresenta bacilos do Mycobacterium tuberculosis com resistência a algum fármaco para tratamento da doença. A resistência aos fármacos é identificada pela realização da cultura e do teste de sensibilidade do material colhido do escarro. A tuberculose resistente apresenta um tratamento complexo, com a durabilidade podendo chegar a até dois anos de tratamento.

Qualquer pessoa pode ter uma tuberculose resistente?
Sim. A presença de uma tuberculose resistente está diretamente relacionada ao adequado tratamento de uma tuberculose sensível. Quando baixa adesão ao tratamento, ou uso inadequado das medicações, ou vários tratamentos prévios de tuberculose, há grande risco dessa tuberculose se tornar resistente. Pessoas contato de paciente com tuberculose resistente também podem adquirir bacilos resistentes da doença.

O que é o Teste Rápido Molecular para Tuberculose?
O teste molecular rápido para tuberculose, endossado pela Organização Mundial de Saúde, é um teste para detecção do DNA da micobactéria que causa a doença e para a triagem de bactérias resistentes ao medicamento rifampicina. O tempo de execução do teste no laboratório é de duas horas. Apenas uma amostra é suficiente para a realização do exame, o resultado detecta a presença ou a ausência do M. tuberculosis e indica a sensibilidade ou resistência à rifampicina.

Teste Rápido com resultado positivo significa que o paciente está doente e precisa tratar a tuberculose?
No Brasil, o teste molecular rápido para tuberculose está indicado para o diagnóstico de casos novos de tuberculose pulmonar, ou seja, pacientes que nunca trataram tuberculose anteriormente. Neste caso um resultado positivo indica a necessidade de início imediato do tratamento. Como o exame não necessariamente indica a presença de bactérias vivas, já que o teste identifica material genético de microorganismos vivos ou mortos, o exame não está indicado para o acompanhamento do tratamento, sendo necessária, para isto, a realização de baciloscopias mensais de escarro.

*Última atualização: 29 de novembro de 2016