quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

População em situação de rua integra oficinas sobre tuberculose


A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em parceria com a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), começou neste sábado, 24, as oficinas culturais dirigidas a pessoas em situação de rua. O evento ocorreu no Centro POP II da Fasc. A ação faz parte do projeto “E se essa rua fosse minha?”, que busca a vigilância, prevenção e o controle da tuberculose na Capital. 

Por meio da música, da dança e do grafite, foi realizada a primeira integração dos oficineiros do projeto com os usuários do serviço. Todas as atividades buscavam, a partir da arte, sensibilizar os presentes em relação aos cuidados com a saúde. A assistente social do Centro Pop II, Inajara Vieira Silveira, observou que os usuários se mostraram receptivos às informações. “Eles entenderam a mensagem, mesmo que ela tendo sido passada de forma lúdica. Agora estão mais conscientes a respeito da doença, da forma de transmissão, para poderem se previnir”, afirmou.
As atividades terão prosseguimento durante a semana. Além disso, haverá ações específicas também nas ruas da região Centro, abrangendo pessoas em situação de rua que não acessam equipamentos públicos. Às quintas-feiras, a equipe do Consultório na Rua e da Fasc acompanharão os oficineiros de música. Outra ação levará, a cada 15 dias, equipes do Projeto e oficineiros em praças da área central da cidade para desenvolver atividades.

O projeto visa ao aprimoramento do cuidado para os pacientes com tuberculose na Atenção Primária em Saúde, buscando reduzir o número de casos de pessoas com tuberculose que abandonam o tratamento em duas gerências distritais. Na Gerência Centro, a população-alvo são pessoas em situação de rua. Na Gerência Glória-Cruzeiro-Cristal, pessoas com coinfecção da tuberculose e do HIV. Além do trabalho direto com o público-alvo, haverá sensibilização de trabalhadores dos serviços de saúde sobre acolhimento à população de rua. Na Gerência Centro, atividades culturais serão desenvolvidas junto aos beneficiários da ação. Serão oficinas de grafite, música, teatro e dança, que começam ainda em janeiro. As oficinas serão realizadas em equipamentos da rede de saúde e de assistência social do município.

Richard Gomes de Campos, representante do Movimento Nacional da População de Rua, entidade parceira do projeto, analisa que esse tipo de campanha tem um impacto maior nessa população. “A arte acaba sensibilizando muito mais do que qualquer outro, pois deixamos de falar de um tema duro que, é a tuberculose, de um jeito duro, que é o folheto frio. Através da música, da dança e do grafite, você consegue se aproximar mais da linguagem da população em situação de rua”, reflete.

Dados do Ministério da Saúde (Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan) indicam que Porto Alegre é a quarta Capital com maior incidência da doença, atrás de Cuiabá, Belém e Recife. A taxa de abandono no tratamento na capital gaúcha é maior do que a média nacional. Já a taxa de cura de novos casos, inferior à verificada no país: cerca de 25% de taxa de abandono em 2012 e, em relação à cura de novos casos, o percentual em 2012 é de aproximadamente 54%. Os índices propostos pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde são, respectivamente, de 5% para o abandono e de 85% para a cura. O projeto conta com o apoio do Ministério da Saúde, Movimento Nacional da População de Rua e Comitê Estadual de Enfrentamento à Tuberculose do RS, desde a concepção até o monitoramento do projeto.

O Centro Pop é um centro de referência especializado para população em situação de rua que promove atendimento social com equipe multidisciplinar para adultos, idosos e famílias, de forma individualizada e coletiva, durante o período do dia, propondo aos usuários alternativas de enfrentamento à situação de rua e encaminhamentos junto à rede de serviços.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Homem vence o vício com o apoio e esperança de enfermeira de Joinville

Por Suellen Dos Santos Venturini, 
Do Notícias do Dia


Enfermeira nunca perdeu a esperança de ver Edson Colin livre das drogas.
Ele, por sua vez, contou com a apoio dela para se reerguer*

Para os cristãos, o Natal é o dia de comemorar o nascimento de Jesus Cristo,  que veio ao mundo para salvar os homens. Essa é a esperança para quem acredita. Edson Colin, 48 anos, há pouco tempo não sabia o significado deste sentimento. Viciado em álcool e drogas, ele perdeu tudo. “O álcool era o amor da minha vida e esse amor me fez trocar casamento, família, me afastou de tudo”, conta.

Em 31 anos de vício, três ele passou morando na rua. Foram Natais e Réveillons sem família, sem comemoração, sem sombra de alegria. O fundo do poço chegou quando ele contraiu tuberculose. Neste momento crucial apareceu na vida dele a pessoa que o ajudaria a retomar a dignidade. A enfermeira Aline Costa da Silva, 37, hoje coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Joinville, trabalhava no programa Tuberculose quando, em uma noite, tirou Colin da rua. “Estava uma chuva, um frio, e apareceu o carro da Vigilância com essa salvadora”, disse Colin.

Ele foi para um hospital de Florianópolis, mas, durante uma crise de abstinência, fugiu e conseguiu uma carona de volta para Joinville. Dias depois, procurou Aline disposto a retomar o tratamento e largar as drogas. Ela, por sua vez, não perdeu a esperança. “Desde que eu conheci o Edson, até os momentos mais difíceis eu não desacreditei dele. Ele me passava essa esperança de dizer ‘eu quero sair’”, conta. Durante os oito meses de reabilitação, ela fazia visitas, levava roupas e comida e mesmo quando saiu do programa Tuberculose eles não perderam contato. “Ela era o meu chão, tiraram o meu tapete, mas ela era o meu chão” resume Colin.

Há dois anos curado da doença e dos vícios, Colin vive uma nova história. Frequenta a igreja católica, conseguiu um emprego e começou um namoro sério. Fez contato com os dois filhos e aos poucos retoma os laços familiares. E os Natais que antes passavam despercebidos têm um novo sentindo. “No Natal na clínica eu vi que as coisas podiam diferentes, vi que era legal trocar presente, que a vida poderia ser boa de cara limpa”, resumiu. Neste, ele vai passar com a namorada.

Se antes não tinha expectativa de vida, agora ele tem sonhos. Quer conhecer o Rio de Janeiro. Os frutos da esperança de Aline, também foram importantes para ela. “Eu como enfermeira para mim é muito importante saber que na vida de uma pessoa eu fiz a diferença, esse é o maior pagamento da minha profissão, de dez anos de enfermeira”, conta Aline.

*Foto por Carlos Júnior/ND

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Prefeitura de Porto Alegre amplia ações de prevenção à tuberculose

Do Jornal do Comércio

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) lançará na sexta-feira um conjunto de ações voltadas para amenizar o problema da tuberculose em Porto Alegre. A prioridade será dada para atividades que estimulem a prevenção junto à população em situação de rua e aos infectados também pelo vírus HIV, que têm maior predisposição de contrair a doença e esta tornar-se grave. O perfil predominante de pacientes é de homens negros, entre 29 e 50 anos.

O projeto “Ações Contingenciais de Vigilância, Prevenção e Controle da Tuberculose” visa aumentar a adesão e diminuir a taxa de abandono do tratamento, que, na Capital, é maior do que no resto do Brasil. O enfoque será na sensibilização de pacientes e servidores de saúde.
Dados do Ministério da Saúde indicam que Porto Alegre está entre os municípios brasileiros com maior incidência da doença, taxa de abandono no tratamento superior à da média nacional e de cura de novos casos inferior à verificada no País. A taxa de abandono em 2012 foi de 25%. Em relação à cura de novos casos, o percentual foi de 54%. Os índices propostos pelo governo federal e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são, respectivamente, de 5% para o abandono e de 85% para a cura.

As ações previstas serão realizadas pelo menos até o final do ano. Os recursos foram repassados pelo Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Combate à Tuberculose. As atividades ocorrerão na área de Atenção Primária em Saúde, na qual os pacientes fazem seus tratamentos. O foco será na gerência Centro, com pessoas em situação de rua como público-alvo, e na gerência Glória-Cruzeiro-Cristal, em que são tratadas pessoas com coinfecção tuberculose-HIV. “Será um médico, um enfermeiro e um agente de combate de endemias. Além de fazerem a visita e aplicarem os remédios, eles também buscarão a criação de vínculo com cada um, a fim de que as pessoas se comprometam com o tratamento”, afirma a coordenadora da Atenção Primária em Saúde da SMS, Taimara Slongo Amorim.

Segundo ela, para prevenção também serão oferecidas oficinas, principalmente de caráter artístico. “Esse projeto vem na tentativa de criar ações inovadoras, diferentes de tudo que já possamos estar fazendo em relação à adesão e ao vínculo, por parte dos pacientes”, explica. Será oportunizada às pessoas que fazem tratamento nas gerências do Centro e da zona Sul a chance de participar de oficinas de grafite, teatro e dança. O grupo criará jingles relativos ao tema, procurando a sensibilização do olhar para a tuberculose. Além disso, a prefeitura desenvolverá um documentário junto aos pacientes.


Publicado na edição impressa de 14/01/2015