terça-feira, 31 de maio de 2016

Canadá anuncia grande contribuição para a iniciativa TB Reach, do Stop TB Partnership

*Texto traduzido da página do Stop TB Partnership















Um investimento de CA$ 85 milhões, para cinco anos, vai apoiar inovações em detecção e cuidado de TB por meio da iniciativa TB Reach, do Stop TB Partnership


Genebra, 25 de maio de 2016 – O governo do Canadá anunciou hoje a renovação do investimento de CA$85 milhões para a iniciativa TB Reach, do Stop TB Partnership, para os próximos cinco anos. Essa nova injeção de fundos deve ajudar a parceria a alcançar, tratar e curar muitas das 3,6 milhões de pessoas afetadas pela TB a cada ano, que ficam sem o cuidado apropriado. O TB Reach continuará a testar estratégias inovadoras e ousadas para melhorar a detecção de casos de tuberculose, a qualidade dos serviços e a implementação de novas ferramentas e políticas. A honorável Marie-Claude Bibeau, Ministra do Desenvolvimento Internacional e de La Francophonie do Canadá, fez um pronunciamento no Palácio das Nações da Organização das Nações Unidas, em evento paralelo à Assembleia Mundial da Saúde, que ocorreu em Genebra esta semana.

“Nossa luta contra a tuberculose deve se tornar mais ambiciosa e inovadora se nós queremos eliminar essa epidemia até 2030. O Canadá acredita que apoiar o trabalho do TB Reach vai nos fazer chegar mais perto desse objetivo”, disse a ministra Marie-Claude Bibeau.

Junto com o governo do Canadá, a Fundação Bill & Melinda Gates deve complementar o investimento canadense com US$ 7 milhões para o TB Reach. O Fundo de Saúde da Indonésia, formado por oito líderes de negócios, organizado por Dato Sri Dr Tahir, também se comprometeu a doar US$ 1,5 milhão para as iniciativas financiadas pelo TB Reach na Indonésia.

“Estou muito feliz e profundamente grata ao governo do Canadá por seu novo investimento numa das iniciativas mais exitosas da Parceria. Ao promover inovações, o TB Reach melhorou a detecção de casos em alguns locais em mais de 100% - alcançando especialmente aqueles mais vulneráveis. O valor desse financiamento é imensurável, e vem em bom momento. Se queremos acabar com a tuberculose, teremos que mudar o paradigma de como os programas de TB são construídos e reforçá-los. Não podemos mais tolerar abordagens limitadas que meramente objetivam controlar a TB. Em vez disso, temos que ser ousados e investir em abordagens inovadoras para atingir as ambiciosas metas de 90-(90)-90 estabelecidas no Plano Global para o Fim da TB 2016-2020”, disse a Dra Lucica Ditiu, Diretora Executiva do Stop TB Partnership, expressando sua verdadeira apreciação pelo compromisso do país em eliminar a TB.

A iniciativa TB Reach, do Stop TB Partnership, foi lançada em 2010 com um investimento inicial de cinco anos por parte do governo do Canadá. A iniciativa oferece fundos para parceiros que possam testar estratégias e tecnologias inovadoras com o objetivo de aumentar o número de pessoas diagnosticadas e tratadas para a tuberculose, diminuindo o tempo para o início do tratamento e melhorando as taxas de cura. A ideia é combinar o financiamento e monitoramento e avaliação rigorosos para produzir resultados, garantindo que as agências doadoras e os governos locais possam expandir as abordagens exitosas e maximizar os investimentos. As evidências geradas pelas estratégias e tecnologias inovadoras aplicadas pelos receptores do TB Reach dão subsídios para políticas nacionais e globais e servem para acelerar a redução da incidência de tuberculose.

Entre 2010 e 2016, o TB Reach ofereceu 142 financiamentos em 46 países, no valor de US$ 95 milhões. Trabalhando em colaboração com os Programas Nacionais de TB, os receptores diagnosticaram e trataram mais de dois milhões de pacientes de TB nas áreas dos projetos e salvaram cerca de 600 mil vidas.

Nos próximos cinco anos, o programa deve lançar quatro chamadas para propostas. O foco das chamadas será decidido a partir de consultas com parceiros, incluindo representantes daqueles mais afetados pela doença.



segunda-feira, 30 de maio de 2016

SVS publica edital de inscrições para a 15ª Expoepi

*Com informações do Diário Oficial da União

Estão abertas as inscrições para a 15ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças - 15ª Expoepi.

O edital, publicado no dia 23 de maio, detalha o regulamento para a seleção das experiências, trabalhos técnico-científicos e das intervenções sociais para os candidatos aos prêmios. A Expoepi tem o propósito de promover o debate de temas importantes para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e de premiar, por meio de sua Mostra Competitiva, os profissionais e os serviços de saúde relevantes para a Saúde Pública.

A mostra é coordenada pela Coordenação Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços (CGDEP), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS).

O público-alvo da mostra é constituído por pesquisadores, acadêmicos da área da saúde, gestores, técnicos de serviços de saúde estaduais e municipais e instituições públicas integrantes do SUS, atuantes nas áreas de epidemiologia, vigilância, prevenção e controle de doenças e agravos, Sistema de Informação e Análise de Situação de Saúde, vigilância em saúde ambiental, vigilância em saúde do trabalhador e vigilância sanitária.

Para acessar o edital completo, clique aqui.




terça-feira, 24 de maio de 2016

OMS recomenda novo diagnóstico e tratamento para a tuberculose multirresistente

Por menos de US$1 mil por paciente, novo regime de tratamento pode ser concluído entre 9 e 12 meses. Foto: Fundo Global de Luta contra Aids, Tuberculose e Malária

*Texto extraído do site das Nações Unidas









Além de mais barato que os tratamentos atuais, novo regime deve ter melhores resultados e proporcionar uma potencial queda das mortes devido à maior adesão dos pacientes, segundo expectativas da Organização Mundial da Saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na semana passada (12) novas recomendações que visam a acelerar o diagnóstico da tuberculose multirresistente (TBMR) e melhorar os resultados do tratamento da doença por meio de um novo teste mais rápido e um regime de tratamento mais curto e barato.

“Esse é um passo importante para combater a crise de saúde pública da tuberculose multirresistente”, disse Mario Raviglione, diretor da OMS para o programa global contra a tuberculose, em comunicado à imprensa.

“As novas recomendações da OMS oferecem esperança a centenas de milhares de pacientes com tuberculose multirresistente, que agora podem se beneficiar de um teste que identifica rapidamente a doença e de um tratamento que é realizado em metade do tempo e com quase metade do custo”, acrescentou.

Tratamento mais curto com melhores resultados


Por menos de 1 mil dólares por paciente, o novo regime de tratamento pode ser concluído entre 9 e 12 meses. Além de mais barato que os atuais, o novo regime deve ter melhores resultados e proporcionar uma potencial queda das mortes devido à melhor adesão ao tratamento, segundo expectativas da OMS.

De acordo com a OMS, os regimes de tratamento convencionais, que levam de 18 a 24 meses para serem concluídos, têm taxas de cura mais baixas: apenas 50%, em média, globalmente. Isso ocorre principalmente porque os pacientes encontram dificuldades em tomar medicamentos de segunda linha, que podem ser bem tóxicos, por longos períodos de tempo. Eles frequentemente interrompem o tratamento.

O regime mais curto anunciado pela OMS é recomendado para pacientes com diagnóstico de tuberculose mais simples, ou seja, indivíduos cuja doença não é resistente aos medicamentos mais importantes utilizados em tratamentos. Também é recomendado a indivíduos que ainda não foram tratados com remédios de segunda linha.

As recomendações da OMS sobre regimes de tratamento mais curtos são baseadas em estudos iniciais envolvendo 1,2 mil pacientes com tuberculose multirresistente em 10 países. A agência pede que pesquisadores completem os testes randômicos controlados para fortalecer a base de evidências para o uso desse regime.

Diagnóstico mais rápido


A forma mais confiável de descartar a resistência a drogas de segunda linha é um novo teste recomendado para uso nos laboratórios. O novo diagnóstico — chamado MTBDRsl — é baseado em DNA que identifica mutações genéticas que provocam resistência da doença a drogas de segunda linha.

Os resultados vêm entre 24 e 48 horas, diferentemente dos testes atuais, que levam cerca de três meses ou mais para diagnosticar a doença.  Dessa forma, pacientes com resistência adicional são direcionados a regimes de tratamento com drogas mais apropriadas.

Segundo a OMS, menos de 20% dos estimados 480 mil pacientes com tuberculose multirresistente estão atualmente em tratamento adequado.



AMR Review lança recomendações finais pedindo por investimentos para evitar o crescimento catastrófico de casos de Tuberculose resistente e outras infecções












*Texto traduzido do Stop TB Partnership

Genebra, 19 de maio de 2016 – As recomendações finais do Review on Antimicrobial Resistance – AMR (Comitê de Resistência Microbiana), liderado por Lord Jim O’Neill e apoiado pelo primeiro-ministro britânico David Cameron, foram lançadas hoje, alertando que as infecções resistentes, como a tuberculose drogarresistente (TB-DR), matarão, a cada ano, 10 milhões de pessoas se não houver uma expansão urgente de novos recursos e fundos. O relatório oferece um plano de ação global para evitar as infecções resistentes aos medicamentos, incluindo um chamado para o estabelecimento de um Fundo Global de Inovação de US$ 2 bilhões, para pesquisas clínicas e iniciativas financeiras que desenvolvam novos testes a fim de evitar o uso desnecessário de antibióticos.

O relatório coloca a tuberculose resistente como um “pilar do desafio de controlar a resistência microbiana”, destacando que um quarto das possíveis 10 milhões de mortes por bactérias resistentes até 2050 poderiam ser causadas pela TB-DR, o que representaria uma morte por TB-DR a cada 12 segundos.

O relatório também aponta que o campo para o desenvolvimento de medicamentos para TB sofre de um prologado período de desinvestimento, deixando portfólio de produtos frágil.

“A resistência microbiana é uma das maiores ameaças à saúde desta geração. Este relatório estabelece um plano para governos, empresas farmacêuticas e políticos tomarem ações contra isso”, disse o Dr. Aaron Motsoaledi, presidente do conselho do Stop TB Partnership e Ministro da Saúde da África do Sul.

“Como outras infecções, a negligência relativa da pesquisa para novos medicamentos de TB são uma falha tanto moral quanto de mercado. Estou comprometido em avançar nas ações contra a resistência microbiana e contra a TB e espero que o G20 e outros atores tomem medidas concretas para evitar as dez milhões de mortes por ano previstas para 2050 se falharmos em nossas ações”, complementa Motsoaledi.

O relatório inclui os resultados de novas análises de intervenções de TB comissionadas pelo AMR Review, concluindo que a introdução de novos testes diagnósticos e novos regimes de tratamento poderia salvar 770.000 vidas ao longo da próxima década, destacando o impacto significativo que esses tratamentos teriam.

“A comunidade de TB parabeniza Lord Jim O’Neill e o AMR Review pelo relatório extraordinário. O trabalho do comitê vai ajudar a estimular os líderes mundiais a tratar as infecções resistentes como a TB-DR, que é única infecção de transmissão aérea entre as resistentes, com a mesma urgência e recursos com os quais vem sido tratados os surtos de Ebola e Zika Virus”, afirma a Dra Lucica Ditiu, diretora executiva do Stop TB Partnership.

“As recomendações do relatório para a TB saem na mesma ocasião em que os Estados Unidos lançam o Plano de Ação para o combate a TB-DR (dezembro de 2015), o que garante que a negligência financeira e política que vem sido praticada em relação às infecções resistentes seja indefensável. Estamos completamente comprometidos em trabalhar com os governos para levar o tema às reuniões do G20 e à Reunião de Alto Nível das Nações Unidas para Resistência Microbiana, em setembro, para garantir que as recomendações para AMR e TB-DR sejam cumpridas e que o financiamento seja adequado”, finaliza Lucica.





quinta-feira, 19 de maio de 2016

População privada de liberdade é tema de campanha sobre tuberculose


Com uma incidência de casos 28 vezes maior do que a população geral, o sistema prisional brasileiro apresenta o ambiente ideal para a disseminação da tuberculose, devido às condições de superlotação, pouca ventilação e pouca incidência de luz solar.

Além do aspecto físico, o pouco conhecimento sobre os sintomas e formas de transmissão, a falta de acesso ao diagnóstico e tratamento e o estigma e preconceito sobre a doença fazem com que o controle da tuberculose seja ainda mais difícil nesse cenário.

Considerando esses dados, foi desenvolvido no Brasil o projeto TB Reach, com foco no aumento da detecção de casos no sistema prisional. Além das atividades de rastreamento, também foi desenvolvida uma campanha educativa para os diferentes públicos da comunidade carcerária.

Campanha educativa

A campanha educativa foi implementada nos três locais onde o projeto foi desenvolvido e contou com o engajamento dos diferentes atores que compõem o sistema.

A campanha foi elaborada com informações obtidas durante grupos focais aplicados com os quatro segmentos: apenados, visitantes (familiares) e profissionais de saúde e segurança. Além de materiais desenvolvidos a partir da perspectiva deles, outras intervenções e oficinas foram aplicadas.

Temas como acesso à saúde, adesão ao tratamento, sintomas e estigma e preconceito foram discutidos com o pessoal de saúde e de segurança. Intervenções específicas para os visitantes foram conduzidas por lideranças comunitárias, estabelecendo uma importante comunicação entre pares e uma oportunidade para ouvir os parentes dos apenados e conhecer algumas de suas difíceis estórias.

Essa iniciativa foi conduzida por ONGs que já trabalham com programas de prevenção à TB e ao HIV em diferentes comunidades dos dois estados. No Rio Grande do Sul, a Associação Cultural de Mulheres Negras - ACMUN organizou um grupo de agentes comunitárias de saúde que interagiram com 2.900 visitantes. No Rio de Janeiro, o CEDAPS (Centro de Promoção da Saúde) juntou sete líderes comunitárias que distribuíram material educativo e preservativos e falaram sobre tuberculose e prevenção ao HIV com cerca de 4.800 visitantes na fila, enquanto esperavam para entrar no presídio.

Sobre o projeto

Levando o nome do fundo financiador (TB Reach), o projeto foi desenvolvido em três unidades prisionais: Presídio Central de Porto Alegre e Penitenciária Estadual do Jacuí, no estado do Rio Grande do Sul, e no Complexo de Bangu, no Rio de Janeiro, entre outubro de 2014 e Março de 2016. Durante esse período, cerca de 11 mil pessoas foram rastreadas e foram encontrados 280 casos de tuberculose.

O projeto foi implementado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e com as secretarias locais de Saúde, Segurança Pública e Administração Penitenciária. O projeto foi financiado pelo TB Reach, fundo internacional gerido pelo Stop TB Partnership, que apoia iniciativas que aumentem a detecção de casos de TB em populações de difícil acesso.

O sistema prisional e a TB

No Brasil há mais de 600 mil pessoas presas, o que torna o país o quarto em termos de população prisional.

O sistema está com 153% de sua capacidade ocupada, já que tem 376 mil vagas, segundo dados de 2014 do Infopen.

Com uma taxa de incidência média de 980 casos para cada 100 mil pessoas presas, o número absoluto de casos de TB na população prisional é de cerca de 5.200 (casos novos por ano). Isso representa quase 8% dos casos novos de tuberculose por ano no Brasil (cerca de 70 mil).

Com esse cenário, os desafios para chegar aos casos são muitos e complexos, mas o projeto mostrou que é possível oferecer diagnóstico e tratamento usando a estratégia correta. Também mostrou a urgência e a necessidade de trabalhar com essa população como uma medida importante para o controle da tuberculose no Brasil.



terça-feira, 10 de maio de 2016

Fórum ONGs Tuberculose do Rio de Janeiro realiza reunião ordinária com foco na adesão ao tratamento

 *Imagens: Carlos Basília

Rio de Janeiro, 05 de maio de 2016 – Em reunião ordinária do Fórum ONGs Tuberculose RJ, ativistas, profissionais de saúde, acadêmicos e gestores discutiram sobre o ativismo em tempos de crise, apresentaram o programa Sala de Convidados do Canal Saúde da Fiocruz, com foco específico sobre a tuberculose e determinantes sociais, discutiram a pesquisa qualitativa com a abordagem “Qualidade do programa de controle da Tuberculose: Análise quali-quanti do acesso, abandono ao tratamento e dos serviços de saúde do município do Rio de Janeiro”, entre outros informes.

A pesquisa apresentada foi realizada por César Augusto Paro e Luiza Lena, sob a orientação do professor Veriano Terto, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As informações levantadas na pesquisa apontam para os diversos fatores de abandono do tratamento. A pesquisa avaliou experiências inovadoras (que vão além do tratamento diretamente observado – TDO) para a adesão ao tratamento, destacando a importância de se aproveitar o saber da comunidade, além da questão do altruísmo e do espírito de doação dos profissionais que atuam diretamente na criação do vínculo com o paciente.

Destacaram também que a formação dos profissionais de saúde e até da gestão é ainda muito “dura” e, em geral, se enxerga somente o problema clínico e não as questões sociais em que o paciente está inserido.

Para Carlos Basília, coordenador do Observatório Tuberculose Brasil e Secretário Executivo da Parceria Brasileira contra a Tuberculose, as dificuldades de adesão ao tratamento estão ligadas ao estigma que a doença ainda carrega. “A tuberculose ainda é tema de um preconceito que influencia a questão da adesão. Uma das formas de minimizar o estigma é por meio da informação. A doença ainda é um assunto negligenciado nas diversas esferas, como a mídia, governo, etc. As discussões sobre o estigma devem estar inseridas nas campanhas de tuberculose de todos os níveis”, destacou Basília. Ele lembra ainda que este é o maior desafio que o País enfrenta hoje para o controle da doença já que tem impacto direto nos indicadores de cura e mortalidade.

Quando se falou sobre o Ativismo em tempos de crise, as reações não foram muito otimistas já que o efeito dominó provocado pela falta generalizada de recursos traz consequências para todas as áreas da sociedade. No caso do enfrentamento de doenças como a tuberculose, há fatores que extrapolam a gestão da saúde, como, por exemplo, a questão da nutrição. O anúncio do fechamento de restaurantes populares traz uma preocupação a mais para os ativistas que trabalham na luta contra a TB.
Ainda se discutiu como os movimentos sociais podem incidir de maneira mais eficaz nas esferas municipal, estadual e federal de governo, para influenciar nas tomadas de decisão em relação à tuberculose.

Para a coordenadora do programa de tuberculose do município de Itaboraí, Maria José Fernandes Pereira (a Zezé), apesar de todas as dificuldades, não se pode desistir. “Esta não é a primeira, nem será a última crise que enfrentaremos. Temos que nos reinventar e ter muita resiliência. É importante que busquemos energia para fazer tudo o que estiver ao nosso alcance nessa luta”, explicou Zezé.

O Dr Claudio Costa Neto, autor do livro “Tuberculose e Miséria” e diretor-presidente do Instituto Vila Rosário, concordou com Zezé e destacou que a sociedade consegue se organizar e fazer muitas coisas sem depender do estado, principalmente em tempos de crise. “A comunidade tem condições de implementar ações e desenvolver atividades de auto-cuidado. Se esperarmos apenas as ações do estado, não conseguiremos suprir as necessidades de cada uma das comunidades, especialmente as mais carentes”, complementou o professor emérito do Instituto de Química da UFRJ, responsável pelo trabalho de controle da tuberculose na comunidade de Vila Rosário em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

O encontro, realizado no auditório da Federação dos Bandeirantes do Brasil, no centro do Rio, reuniu cerca de 20 pessoas e contou com a representação do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, com a presença da técnica Luciana Nemeth.


Com a participação de Carlos Basília, Roberto Pereira e Jorge Pio, coordenador do programa de tuberculose do município do Rio de Janeiro.

Agenda da reunião

1. Recepção dos Participantes;
2. Ativismo em tempos de crise - Avaliação da atual conjuntura e propostas de ação;
3. Devolutiva da abordagem qualitativa da pesquisa "QUALIDADE DO PROGRAMA DE CONTROLE DA TUBERCULOSE: ANÁLISE QUALI-QUANTI DO ACESSO, ABANDONO AO TRATAMENTO E DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO" - César Augusto Paro - IESC/UFRJ;
4. Considerações sobre a apresentação do Fórum na Plenária do Conselho Municipal de Saúde RJ;
5. Informes sobre a Reunião com o Secretario Estadual de Saúde RJ e retomada das ações previstas no Plano de Estratégico TB/HIV;
6. Participação no Programa SALA DE CONVIDADOS - Canal Saúde/FIOCRUZ;
7. Assuntos Gerais



terça-feira, 3 de maio de 2016

Jornalista pesquisa em tese de doutorado os caminhos para a cura da tuberculose na população de rua

*Texto extraído do site da Agência de Notícias da Aids

Liandro Lindner
O jornalista e professor Liandro Lindner, pesquisou, durante dois anos, as ideias sobre doença e cura da população em situação de rua, em São Paulo. Acompanhado por profissionais de saúde, andou por albergues, praças, viadutos e diversos pontos de aglomeração, onde o consumo de drogas e álcool aparece como relevante. Também esteve diversas vezes no Hospital Leonor de Barros, de Campos do Jordão, referência para esta população.

Durante o processo de pesquisa, verificou que a tuberculose, e a co-infecção pelo HIV, são realidades e a adesão ao tratamento, um desafio.

Por meio de entrevistas e observações notou que os entendimentos sobre cura são variáveis entre profissionais de saúde e pacientes. Deste estudo foi gerada a tese de doutorado intitulada "Dando uma moral: Moralidades, prazeres e poderes no caminho da cura da tuberculose na população em situação de rua do município de São Paulo", que será defendida nesta segunda-feira (2) às 13h na Faculdade de Saúde Pública da USP.

Sob a orientação do Professor Rubens Adorno o trabalho relata, utilizando metodologia etnográfica, as vivências encontradas junto a esta população, as relações de vínculo com os profissionais de saúde, além de questões direcionadas como a realidade das travestis em situação de rua internadas num hospital masculino.