sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Frente Global de TB marca nova era na luta contra a tuberculose

Por Matt Oliver

Cidade do Cabo, África do Sul, 28 de novembro de 2015 - a segunda reunião da Frente Global de TB terminou hoje com um movimento sem precedentes marcado pela vontade política para liderar a luta contra a tuberculose (TB).

A reunião contou com 50 representantes políticos de 30 países, unidos a fim de discutir o que poderiam fazer, coletivamente e individualmente, para combater a doença. Com uma programação de três dias, os representantes ouviram apresentações de especialistas e líderes mundiais e da sociedade civil, e visitou programas de TB na área da Cidade do Cabo.

Os participantes da reunião eram membros da Frente Global de TB, um movimento mundial de parlamentares, fundado em Barcelona, em outubro de 2014. Desde a reunião inicial, com apenas nove países, a Frente cresceu e se tornou uma das maiores redes de seu tipo no mundo, adotando o apoio de mais de 1.000 parlamentares de 101 países.

A abertura da Conferência foi realizada pelo Dr Aaron Motsoaledi, Ministro da Saúde da África do Sul, em nome da Vice-Presidente Cyril Ramaphosa. Dr Motsoaledi é copresidente da Frente Global de TB e destacou o papel dos parlamentares na luta contra a doença. "O mundo acordou os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que visam à eliminação da TB, em 2030, e temos um novo Plano Global que nos instrui sobre como fazê-lo. Sem compromisso político, no entanto, o plano não terá sucesso. Cabe a cada um de nós mobilizar esse compromisso político ".

Durante a Conferência, os participantes ouviram as apresentações do Fundo Global de Combate ao HIV/Aids, TB e Malária e do Stop TB Partnership. Parlamentares defenderam com unanimidade o apoio ao próximo reabastecimento do Fundo Global, e discutiram formas de aumentar a responsabilização dos governos que recebem recursos do Fundo. Os parlamentares aprovaram ainda o Plano Global pelo Fim da TB 2016-2020 do Stop TB Partnership.
Parlamentares e Representantes dos países americanos

Dr. Lucica Ditiu, Secretária Executiva do Stop TB Partnership, chamou a atenção para a natureza singular da Frente Global de TB: "Essa é a maior reunião política de tuberculose dos últimos 100 anos e a única rede de seu tipo no mundo. A tuberculose é a doença infecciosa que mais mata no mundo, isso porque tem sido negligenciada há décadas. Essa reunião marca uma nova era na luta contra a doença".

Na sessão final, os parlamentares africanos formalizaram o compromisso de lançar uma Frente Parlamentar de TB Africana em julho 2016, em Durban. Parlamentares europeus e das Américas se comprometeram em lançar redes semelhantes até o final de 2016 para complementar a rede do Pacífico Asiático, criada em Agosto de 2015. Parlamentares se comprometeram ainda em estabelecer Frentes Nacionais de TB para o Dia Mundial da Tuberculose. Finalmente, houve acordo unânime para fundar um secretariado formal para apoiar os diversos trabalhos nos parlamentos.

Deputado uruguaio Luis Enrique Gallo e Dr Motsoaledi
No encerramento da reunião, o parlamentar Nick Herbert (Reino Unido), copresidente da Frente Global de TB, desafiou os participantes a cumprirem suas promessas: "A Frente Global de TB não é em si o objetivo final. Temos de nos certificar de que nós lideraremos a verdadeira ação contra a epidemia em cada um dos nossos países. Nós somos as pessoas que aprovam orçamentos,  leis, cobram resposta dos nossos governos, e nós temos uma plataforma. Nós temos o poder de impulsionar a mudança pelo fim da TB, e é isso que temos de fazer".

Para qualquer informação adicional sobre a Frente Global de TB, entre em contato com o Chefe do Secretariado, Matt Oliver: matt.oliver@globaltbcaucus.org, +44 (0) 7775 694767

Uma conferência em que a esperança prosperou

Traduzido do site da 46ª Conferência Mundial de Saúde Pulmonar da Union

José Luis Castro - Foto: Marcus Rose/ The Union
Uma Nova Agenda deu forma à 46ª Conferência Mundial de Saúde Pulmonar, na Cidade do Cabo, na África do Sul, e inspirou uma comunidade de mais de quatro mil participantes a abraçar a luta dessa nova era.

A maior conferência global de saúde pulmonar até o momento, o evento desse ano ofereceu um número recorde de sessões ao longo dos cinco dias de programa científico.

José Luis Castro, Diretor Executivo da Union (União Internacional contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares), fez um tributo à Union e seus membros durante a Cerimônia de Encerramento: “Como organização, sobrevivemos a guerras mundiais, calamidades econômicas e crises em todo o mundo. E nós ainda estamos aqui”.

Como um precursor da conferência, cerca de 50 parlamentares de 30 países se reuniram para Cúpula Global de TB. Este evento, co-presidido pelo deputado britânico Nick Herbert e pelo Ministro da Saúde sul-africano, Dr Aaron Motsoaled, marcou a importância de que os parlamentares devem persuadir seus respectivos governos para uma ação urgente em relação à tuberculose, incluindo acesso ao tratamento para todos os afetados. O ponto alto da reunião foi o momento em que os membros endossaram o Plano Global do Stop TB Partnership pelo Fim da TB 2016-2020: A mudança de paradigma.

Durante a conferência, foram reveladas algumas descobertas científicas críticas e algumas atualizações promissoras, que terão impacto real para pacientes que vivem com a TB.

A TB Alliance e seus parceiros anunciaram a disponibilidade dos primeiros medicamentos direcionados a crianças. Essas formulações melhoradas são solúveis e saborizadas, para que sejam mais facilmente administradas às crianças pelos pais e profissionais de saúde.

Os delegados assistiram a apresentações que destacaram pessoas vivendo com TB-MDR (Tuberculose Multidrogarresistente) que estão sendo efetivamente tratadas com um esquema de tratamento de nove meses. E há melhores esquemas a caminho, incluindo um regime de nove meses que não requer injeções e outro de seis meses para TB-MDR.

Foto: Marcus Rose/ The Union
A Union divulgou estudos sobre o impacto da TB em populações-chave – e houve apresentações inspiradoras sobre populações vulneráveis: crianças, camponeses e pessoas privadas de liberdade. Said Paul Bourdillon, um estudante da Escola de Medicina de Yale, fez a seguinte afirmação sobre suas pesquisas com a população prisional no Brasil: “antes de pensar na erradicação da TB no Brasil, temos que eliminar a doença nas prisões.”

A sociedade civil teve seu impacto na conferência com a marcha “Juntos para o Fim da TB”. Cerca de mil pessoas marcharam do subúrbio da Cidade do Cabo até o centro da cidade, onde se juntaram ao Dr. Motsoaledi, que reforçou seu compromisso de dar acesso e tratamento para todos os pacientes de TB: “qualquer ser humano neste planeta que tenha TB deve ter acesso ao tratamento”.

Mas alguns dos momentos mais potentes da conferência de cinco dias vieram das estórias de vida contadas pelas pessoas que viveram e venceram a TB. Os delegados presentes na Sessão inaugural ovacionaram espontaneamente Juliet Vivien Nalumu que contou suas experiências como paciente com a coinfecção TB-HIV. E Phumeza Tisile, que perdeu sua audição (agora recuperada após um implante coclear) durante o tratamento da TB-XDR, mas encontrou seu chamado ao fazer campanhas em prol das outras pessoas que enfrentam a doença. Constance Manwa, que falou sobre como sobreviveu à TB, vivendo com o HIV, explicou como aprendeu a viver positivamente.

Essa foi uma conferência em que estórias de esperança floresceram.

Veja as fotos do evento clicando aqui.




sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Projeto PACTU, do município de São Paulo, recebe visita do PNCT

 Do Programa Municipal de Controle da Tuberculose de São Paulo

São Paulo, 4 de dezembro de 2015 - Nos dias 2 e 3 de dezembro o projeto PACTU (Projeto de Ações Contingenciais no enfrentamento à Tuberculose na População em Situação de Rua – PACTU pela Cura) recebeu a visita das consultoras do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) para monitorar as atividades com os pacientes inseridos neste processo. A visita do PNCT/MS ao projeto da cidade de São Paulo faz parte de uma série de visitas em outros municípios do país com o Projeto das Ações Contingenciais no Enfrentamento da Tuberculose nas Populações Vulneráveis.

O projeto PACTU tem como estratégia de adesão ao tratamento o desenvolvimento do Projeto Terapêutico Singular (PTS) para pessoas com tuberculose que se encontram em situação de rua.
A partir da articulação intra e intersetorial, o projeto visa muito além da cura da doença, busca o resgate da autoestima, da cidadania e da conquista da inclusão social.

O Projeto PACTU foi uma elaboração coletiva, a 20 mãos, coordenado pelo Programa de Controle da Tuberculose da Cidade de SP/COVISA e em parceria com o Programa Estadual de Controle da Tuberculose, PNCT/Ministério da Saúde, Atenção Básica, Parceira Associação Nossa Sra do Bom Parto, Secretaria Municipal do Desenvolvimento e Assistência Social, Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania, organizações da sociedade civil / Rede Paulista no Controle Social da Tuberculose, Movimento Nacional da População em Situação de Rua.

Para saber mais do Projeto Pactu clique aqui e aqui.

Veja a programação do evento abaixo:

Data: 02 . dezembro . 2015
Horário: 8h30 ~ 12h
Participação na oficina de Decoupage
Local: CS Barra Funda
Horário: 13h30 ~17h
Reunião com a Equipe PACTU:
Participantes: profissionais que atuam no projeto PACTU+ CRS Centro + SUVIS Sé + COVISA+ MS
Local: COVISA

Data: 03. dezembro . 2015
Horário: 8h30 ~ 12h
Participação na Atividade: Café Sem TB, entrega de certificado de Cura e Roda de Conversa: Participação dos animadores TATATI e TATATA ( profissional do Cna Rua e UBS N Sra do Brasil), orientações e dúvidas sobre a doença com os pacientes.
Local: UBS N Sra do Brasil
Horário: 13h30 ~ 17h
Reunião com o GT intersetorial PACTU:
Participantes:
Representantes intra intersetorial: SMADS / Atenção Básica / CRS Centro / SUVIS Sé / COVISA/ MS
Representantes do Projeto PACTU
Sociedade civil: Rede Paulista de Controle Social da TB
Movimento social: MNPR

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Programa de Controle da Tuberculose do estado de São Paulo realiza curso de aperfeiçoamento para gestores

São Paulo, 30 de novembro de 2015 – Entre os dias 23 e 27 de novembro, o Programa de Controle da Tuberculose do Estado de São Paulo realizou o VIII Curso de Aperfeiçoamento em Gestão das Ações de Controle da Tuberculose.

O encontro foi realizado no Centro de Vigilância Epidemiológica “Professor Alexandre Vranjac” e contou com a participação de 43 profissionais, de várias categorias, como enfermeiros, assistentes sociais, médicos, biólogos, dentista, farmacêutico e químico, de 21 municípios. Os participantes são provenientes de várias instâncias: Unidades de Saúde, equipes de Consultório na Rua, laboratórios/IAL, Sistema Penitenciário, hospital e Vigilâncias em Saúde.

O primeiro dia do encontro foi dedicado ao Sistema Único de Saúde – SUS (conceitos, diretrizes, carta dos direitos do usuário, etc), ao Sistema Único de Assistência Social – SUAS (Proteção social básica, especial, etc), vulnerabilidade e tuberculose e drogas e TB. Os facilitadores para as apresentações desse dia foram: José Carlos Veloso (coordenador da Rede Paulista de Controle Social da Tuberculose), Isabel Bueno da Silva (coordenadora de proteção social especial da Faculdade de Saúde Pública da USP), Vânia Camargo da Costa (consultora do Programa Nacional de Controle da Tuberculose) e Liandro Lindner (jornalista e doutorando da Faculdade de Saúde Pública da USP).

O dia 24 foi marcado pelo tema das diretrizes internacionais de mobilização e articulação. Os temas tratados foram: processo histórico de mobilização social no contexto internacional e a experiência de mobilização do projeto Driblando a Tuberculose, com apresentações de Cintia Dantas (consultora do PNCT) e Eri Ishimoto (Programa de Controle da Tuberculose da cidade de São Paulo). A parte da tarde contou com uma oficina de teoria e prática de comunicação com Liandro Lindner.

No dia 25, Cintia Dantas explicou as metas internacionais para a tuberculose e o processo de avanços no Brasil – Estratégia Global pelo fim da TB, Planos Global e Regional de TB 2016-2020 e a Realidade do Brasil. No período da tarde, Patrícia Werlang (Consultora técnica do PNCT) e Nadja Faraone (Membro da Rede Paulista de Controle Social da Tuberculose) apresentaram diversos temas sobre a Articulação e Mobilização Social – entre eles: conceitos, Frente Parlamentar e movimento social da TB, relatório da subcomissão especial e o histórico da Rede de Comitês.

No penúltimo dia, 26 de novembro, foram realizadas oficinas de comunicação, com a criação de atividades para o serviço de saúde, envolvendo comunicação, mobilização e vulnerabilidade, com Eri Ishimoto e Vânia Camargo. E, no período da tarde, o tema foi a contribuição dos profissionais de saúde no fortalecimento da mobilização sócia, com as mesmas facilitadoras.

O tabagismo foi tema do período da manhã do último dia do curso, 27. E à tarde foi realizada a plenária para apresentação dos Planos de Trabalho e discussão das propostas e a avaliação do curso, com Vera Galesi, Coordenadora do Programa de Tuberculose do Estado de São Paulo, José Veloso e Vânia Camargo.








segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

10 milhões de vidas salvas e 45 milhões de casos de tuberculose evitados com o Plano de 5 anos do Stop TB Partnership

Traduzido do Stop TB Partnership

Genebra, 20 de novembro de 2015 – O mundo está perdendo a batalha contra a tuberculose (TB), que é, atualmente, a doença infecciosa que mais mata, causando 1,5 milhão de mortes ao ano. Sem um plano de investimento claro e uma remodelação nos métodos de enfrentamento à doença, a TB não será eliminada até o fim do século XXII, e o mundo não alcançará a meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável de acabar com a TB até 2030.

Para chegar ao objetivo, será necessário um pacote de investimento de mais de 55 bilhões de dólares de 2016 a 2020, que pretende oferecer tratamento a 29 milhões de pessoas, salvar mais de 10 milhões de vidas e evitar que 45 milhões de pessoas adoeçam por TB. Esse investimento traria um benefício enorme para os indivíduos afetados, suas famílias e comunidades, e seria um dos maiores retornos de investimento em qualquer intervenção de saúde – um retorno de 85 dólares para cada dólar investido. Essa estimativa está descrita no novo Plano Global para eliminar a TB 2016-2020 lançado hoje pelo Stop TB Partnership.

O Plano Global tem o objetivo de alcançar as metas, chamadas 90-(90)-90:
  1. Ter 90% de todas as pessoas com tuberculose diagnosticadas e tratadas.
  2. Como parte do item i., garantir que 90% das populações mais vulneráveis em todos os países sejam diagnosticadas e tratadas. As populações vulneráveis variam de acordo com a realidade de cada país, e podem incluir: mineiros, crianças, pessoas vivendo com HIV, pessoas que usam drogas injetáveis, pessoas privadas de liberdade, pessoas vivendo em situação de rua, populações indígenas e migrantes, entre outros.
  3. Garantir que 90% das pessoas que tenham o diagnóstico confirmado completem o tratamento, em serviços de saúde que garantam a adesão e ofereçam apoio social.
A África do Sul, um país com uma das maiores taxas de TB no mundo, já começou a colocar em prática seu plano de alcançar as metas 90-(90)-90 até 2020. “O Plano Global deixa claro que precisamos de uma mudança de paradigma para acabar com a TB – uma mudança na maneira como enfrentamos a TB em todos os níveis, em todas as comunidades, em todas as unidades de saúde, em todos os países”, diz Dr. Aaron Motsoaledi, presidente do conselho executivo do Stop TB Partnership e Ministro da Saúde da República da África do Sul.

Ele acrescenta: “A TB sempre foi uma doença da pobreza, e um teste sobre nosso compromisso com a igualdade social e a saúde de todos. Infelizmente, a longevidade da doença criou um senso de aceitação que está aqui para ficar e um senso de complacência. O Plano Global 2016-2020 foi desenvolvido para mudar o status quo, e provê uma oportunidade para tratar esses desafios ampliando e integrando o cuidado de TB a uma abordagem de sistema de saúde e de comunidade, para eliminar a pobreza, e construir sociedades saudáveis e sustentáveis”. As fases iniciais do plano sul-africano abordarão testes em comunidades mineiras, assim como 90% da população privada de liberdade, que tem altos índices de infecção. Nelson Mandela se infectou com TB na prisão nos anos 80.

Uma renovação completa do “modelo de negócios” usado para manejar a TB terá que atingir essas metas ambiciosas. Mas essa é a única maneira de acelerar, em até 10% ao ano, as pequenas quedas de incidência de TB nos anos recentes (por volta de 1,5% ao ano) e alcançar as metas da Organização Mundial da Saúde (OMS) – de reduzir a incidência de TB para uma média global de 10 novos casos por 100 mil habitantes ou menos até 2035, efetivamente eliminando a doença como um problema de saúde pública. Se essa média inadequada de queda anual de 1,5% continuar, a TB levará mais de 150 anos para ser eliminada.

“É uma desgraça global e uma tragédia humana que a TB – uma doença curável – mate mais de 1,5 milhão de pessoas por ano e ninguém fale em acabar com ela”, diz Dra. Lucica Ditiu, diretora executiva do Stop TB Partnership. “Sabemos que isso pode ser feito, sabemos como pode ser feito, quanto nos custaria – temos que ter o desejo de fazer e a energia para seguir em frente. Podemos ser a geração que será lembrada como a que mudou a maré dessa enorme, mas tratável, epidemia.”, ela complementa.

Para implementar as ações propostas pelo Plano Global é necessária uma mudança de mentalidade, em primeiro lugar – com uma combinação entre as ferramentas existentes  e as novas em desenvolvimento, a doença pode e será eliminada. A nova estratégia é centrada numa abordagem de direitos humanos e gênero, lideranças políticas mais fortes e um foco na comunidade e no paciente. E o plano também destaca que precisamos de novos e inovadores programas de TB, com intervenções integradas nos sistemas de saúde dos países, e melhorias nas condições socioeconômicas em que a TB pode prosperar (incluindo casas com grande número de pessoas e desnutrição).

Essa batalha contra a TB não pode ser vencida sem novas ferramentas. Para isso, o Plano Global estabelece um valor de 9 bilhões de dólares, necessários para a pesquisa e desenvolvimento vitais para a criação de uma vacina que projeta as pessoas de todas as idades contra a TB. Também são necessários para o desenvolvimento de testes diagnósticos rápidos e altamente sensíveis que podem ser implementados na atenção primária, e de esquemas de medicamentos (incluindo TB drogarresistente) que sejam altamente eficazes e não-tóxicos.

A expectativa é que os fundos para o plano venham de fontes domésticas dos países de alta renda e dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

O Fundo Global para a Luta contra o HIV/Aids, Tuberculose e Malária já provê cerca de 80% para os programas de TB dos países de baixa e média renda que necessitam apoio externo significativo. Com um esforço conjunto para ter um Fundo Global abastecido, começando com um grande evento em Dezembro deste ano no Japão, Dra. Ditiu diz que “aumentar os fundos para virar a maré do enorme problema global que é a TB deve ser prioridade na agenda dos países”.

Dr. Mark Dybul, diretor executivo do Fundo Global, recepcionou bem o plano dizendo: “Aplaudimos o lançamento do Plano Global 2016-2020: A Mudança de Paradigma – sabemos que ele cria o caminho para um impacto acelerado no controle da epidemia de TB e, por fim, sua eliminação. Se formos sérios sobre a eliminação da TB – considerando que é uma doença curável em seis meses – nós realmente precisaremos de uma mudança de mentalidade, ambição e ação em cada nível para ampliar, aumentar a cobertura e alcançar a todos com o pacote correto de intervenções para TB. Temos de estar seguros que a Estratégia do Fundo Global 2017-2022 seja coordenada e alinhada com o Plano Global e que trabalharemos juntos para implementá-lo.”

Neste mês, na 46ª Conferência de Saúde do Pulmão da Union em Cape Town, África do Sul, o Plano Global do Stop TB Partnership será aprovado por políticos de alto nível de todo o mundo, num evento especial de alto nível liderado pelo Dr. Motsoaledi.

“Não há dúvidas de que estamos enfrentando sérias barreiras no combate à tuberculose. O Plano Global provê um panorama que se baseia na Estratégia pelo Fim da TB e enfrenta os desafios que as barreiras apresentam.”, diz o Dr. Eric Goosby, Relator Especial das Nações Unidas para TB. “É um documento ambicioso e visionário que pede a todos os envolvidos que façam sua parte para ajudar a alcançar a meta dos ODSs 2030”.

Clique aqui para ver o Plano Global pelo Fim da TB.



quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Tuberculose é tema de alguns espaços no 10º Congresso de HIV/Aids

Ministro da Saúde, Marcelo Castro, na abertura
João Pessoa, 20 de novembro de 2015 – A capital paraibana recebeu o 10º Congresso de HIV/Aids e o 3º Congresso de Hepatites Virais, entre os dias 17 e 20 de novembro. Com o mote “Novos Horizontes, Novas Respostas”, o evento reuniu cerca de 2,5 mil pessoas, em João Pessoa, e foi organizado pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.

Novos horizontes pedem novas respostas para a Aids e as hepatites. Por isso, a programação do congresso permeou temas como: coinfecção hepatites-HIV, as metas de redução dos níveis epidêmicos da aids até 2030, inovações em testes diagnósticos e medicamentos, a busca da cura da hepatite C e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, acordados no âmbito das Nações Unidas.

A coinfecção TB-HIV esteve presente em diferentes momentos do congresso:
- Oficina – Discussões de casos clínicos de coinfecção TB-HIV;
- Lançamento do curso de Manejo da coinfecção TB-HIV da UNA-SUS;
- Evidências científicas em adesão ao tratamento (Adesão e saúde mental no cuidado a coinfectados TB-HIV);
- Roda de Conversa sobre TB no Sistema Prisional – Projeto TB Reach;
- Coinfecção TB-HIV: Cenário Mundial, cenário nacional e o que mais podemos fazer.

Casos clínicos

Na atividade pré-congresso, a oficina que trouxe para a discussão casos clínicos de coinfecção TB-HIV contou com a participação de Sumire Sakabe, médica infectologista, responsável pelo atendimento das pessoas com coinfecção  por HIV e tuberculose do Centro de Referência e Treinamento em DST Aids do Estado de São Paulo; Valéria Cavalcanti Rolla, médica do Centro de Pesquisa Hospital Evandro Chagas, no Rio de Janeiro; e Magda Maruza Melo de Barros Oliveira, pneumologista, da Secretaria de Saúde Amaury de Medeiros , da Universidade de Pernambuco e da Fundação Oswaldo Cruz.

Curso de Manejo da coinfecção TB-HIV

Durante o congresso, a Secretaria Executiva da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) lançou, no dia 18, em conjunto com a Secretaria de Vigilância em Saúde, o curso Manejo da Coinfecção Tuberculose-HIV (TB-HIV). Um curso online, auto instrucional, com carga horária de 45 horas voltado para profissionais que já lidam com HIV/Aids, especialmente aqueles que prescrevem e manejam antirretrovirais. Os profissionais que fizerem o curso completo e finalizarem as avaliações terão um certificado de conclusão de curso com a carga-horária especificada.  As inscrições, abertas no momento do lançamento, tiveram bastante procura.

Veja mais detalhes do curso clicando aqui.

Adesão e saúde mental no cuidado a coinfectados TB-HIV

No dia 19, foi realizada uma mesa sobre evidências científicas em adesão ao tratamento. A coordenadora do Programa de DST/Aids e Hepatites Virais da Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul, Lucy Cavalcanti Ramos Vasconcelos, falou sobre a atualização científica em adesão ao tratamento antirretroviral.

Já para tratar de adesão e saúde mental no cuidado das pessoas com coinfecção TB-HIV, a psicóloga Helena Maria Medeiros Lima trouxe alguns aspectos como a questão do luto duplo para a pessoa com coinfecção, a depressão e outros aspectos psicológicos que devem ser levados em conta pelo profissional de saúde no momento do acolhimento. Helena destacou a importância de repensar as velhas respostas, fazendo-se novas perguntas. Para ela, é fundamental entender a individualidade de cada paciente para pensar em estratégias de estímulo à adesão.

Zarifa Khoury, médica infectologista do Hospital Emílio Ribas, falou sobre os casos de abandono de tratamento no município de São Paulo.

Conversando sobre a tuberculose no sistema prisional

Como parte das atividades paralelas, foi realizada uma roda de conversa sobre o problema da tuberculose no ambiente carcerário. O disparador da conversa foi o projeto TB Reach, implementado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) em conjunto com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). O projeto engloba o Presídio Central de Porto Alegre (RS), o complexo de Charqueadas (RS) e o complexo penitenciário de Bangu (RJ).
O encontro aconteceu no espaço do estande da ONU e contou com a presença dos monitores do projeto, com profissionais de saúde da atenção básica e da saúde prisional, entre outros participantes.

Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.

Coinfecção tuberculose-HIV no Brasil e no mundo

No último dia do congresso, profissionais de saúde, representantes da sociedade civil, imprensa e outros congressistas se reuniram na sala Bessa do Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima, para falar sobre a coinfecção TB-HIV.

Denise Arakaki, médica infectologista do Governo do Distrito Federal, explicou o panorama global sobre a coinfecção e pontuou a importância das ações colaborativas para enfrentar a sindemia entre as duas enfermidades. “Estudos mostram que onde há maior incidência de HIV, também existe alta incidência de tuberculose. Por isso, se fala em uma sindemia, quando duas ou mais enfermidades têm uma interação tão sinérgica”. Denise também destaca que, mais do que colaborar, é preciso que haja integração das ações. “Os programas de tuberculose e de HIV devem estar sempre alinhados para o controle e prevenção da coinfecção”, conclui.

Para falar do cenário brasileiro, Daniele Pelissari, servidora do PNCT, trouxe dados epidemiológicos e destacou que alguns estados ainda têm baixos números para a realização do teste de HIV entre pacientes diagnosticados com tuberculose, ainda que seja uma recomendação do programa nacional. “A média nacional é boa, mas ainda faltam esforços em alguns estados para aumentarmos a detecção. Muitas pessoas com tuberculose que não estão sendo testadas podem ser infectadas pelo HIV. Onde estão esses pacientes?”, questiona Daniele.

Trazendo uma perspectiva local dos trabalhos integrados, Ana Paula Costa, coordenadora do programa estadual de controle da tuberculose do Espírito Santo, demonstrou como a priorização política na coinfecção TB-HIV é fundamental. Ana Paula apresentou dados e ações, como a testagem para HIV, manejo clínico e o tratamento para a infecção latente da tuberculose.

Representando o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Marcelo Araújo de Freitas apresentou as metas de redução dos níveis epidêmicos da Aids e o plano global de eliminação da tuberculose como um problema de saúde pública. Marcelo destacou como um ponto importante o início imediato do tratamento antirretroviral. A terapia diminui o risco de adoecimento por TB em pessoas que vivem com HIV/Aids e isso pode representar um avanço no controle da coinfecção. “Temos que pensar além da redução da mortalidade por TB. O ideal é que consigamos evitar a infecção e o adoecimento por tuberculose”, conclui Marcelo.

Sociedade Civil

Na plateia, representantes da sociedade civil destacaram a importância do tema da coinfecção e como foi pouco explorado durante o congresso. “Nós estamos felizes com a realização deste encontro, mas não podemos deixar de dizer que ainda é muito pouco. Já é um avanço comparado aos outros congressos, mas faltam espaços como este e também falta a participação da sociedade civil nessas discussões”, explica Jair Brandão Filho, do Comitê Estadual de controle da Tuberculose de Pernambuco.


terça-feira, 24 de novembro de 2015

Evento discute controle de doenças transmissíveis em populações vulneráveis

Texto da página: SVS/Ministério da Saúde

As estratégias para o controle de doenças transmissíveis em populações de maior vulnerabilidade foram discutidas na última sexta-feira (20) no Ciclo de Estudos, evento promovido em Brasília (DF) pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. O debate incluiu temas como o impacto das ações de proteção social na redução dos casos de doenças relacionadas à pobreza, a detecção e tratamento da tuberculose em presídios e a Campanha Nacional de Hanseníase, Geo-helmintíases e Tracoma.

As palestras do encontro foram ministradas pelo professor Maurício Lima Barreto, da Universidade Federal da Bahia, pela assessora Daniele Chaves Kuhleis, do Programa Nacional de Controle da Tuberculose da SVS, e pela assessora Jeann Marie da Rocha Marcelino, da Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação da SVS. A mediadora da sessão foi a diretora substituta do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da SVS, Wanessa Tenório de Oliveira.

Impacto das ações de proteção social

A apresentação de Maurício Barreto teve início com a exibição de um gráfico que demonstra a redução, entre 1930 e 2007, da participação das doenças infecciosas no total de óbitos no Brasil, em comparação com outras causas. Em 1930, quase metade das mortes ocorreu por doenças infecciosas. Em 2007, o percentual caiu para menos de 10%. “Isso é um reflexo de avanços que aconteceram no Brasil”, afirmou o professor, que citou os seguintes exemplos: a melhoria da qualidade da água, a ampliação do saneamento básico e a oferta de vacinas e tratamento. “Os sucessos, mesmo que parciais, no controle das doenças infecciosas, podem ser atribuídos ao sucesso das políticas públicas, muitas delas consideradas bastante eficientes, apesar de algumas ressalvas”, completou.

A crescente urbanização foi considerada um desafio do momento atual. “Nesse contexto, o Sistema Único de Saúde e programas de transferência de renda e outros nas áreas sociais e ambientais são cruciais para o controle dessas doenças”, constatou. Ao tratar dos programas de transferência de renda, falou sobre o Bolsa Família, destacando a importância das condicionalidades que estimulam o acesso à educação e à saúde. Demonstrou, ainda, resultados de estudos que revelam o impacto positivo de políticas sociais nos índices de saúde.

Detecção e tratamento da tuberculose em presídios

Daniele Chaves Kuhleis apresentou dados de incidência e de casos novos de tuberculose nos presídios. Em 2014, o coeficiente de incidência no Brasil foi de 915,5 casos por 100 mil habitantes. No mesmo ano, apesar de a população privada de liberdade representar aproximadamente 0,3% da população brasileira, ela contribuiu com 7,3% dos casos novos de tuberculose notificados no país.

Além disso, é particularmente elevada a frequência de formas resistentes associadas ao tratamento irregular e à detecção tardia nesse grupo populacional. Por isso, ela ressaltou a relevância do desenvolvimento de estratégias de comunicação no sistema prisional, com mensagens que estimulem o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento sem interrupções.

A palestrante também discorreu sobre projeto iniciado no Presídio Central de Porto Alegre (RS). A iniciativa investiga a presença dos principais sintomas da doença em sua porta de entrada e oferece o exame de raio X de tórax para toda a população privada de liberdade. Nas pessoas com resultado de raio X de tórax suspeito ou tosse, são realizados o teste rápido molecular e a cultura no laboratório do presídio. Com essa rotina, é possível identificar a tuberculose precocemente e evitar que o bacilo seja transmitido para a comunidade interna e externa do presídio.

Entre outubro de 2014 e junho de 2015, foram diagnosticados 225 casos de tuberculose no Presídio Central de Porto Alegre, com uma prevalência de 3.083 casos por 100 mil habitantes. Foram avaliados 7.299 pacientes, a grande maioria (89,3%) no momento de entrada, sendo que 17,9% apresentaram raio X alterado. O teste de HIV foi feito por 48% das pessoas analisadas e 3,2% receberam resultado positivo.

A tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa por via aérea. O ambiente carcerário favorece a transmissão devido, principalmente, à superpopulação e à ausência de ventilação e luz solar adequadas.

Clique aqui para acessar o texto "Alcançando a tuberculose no sistema prisional".

Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma

A palestra de Jeann Marie Marcelino abordou a Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma do Ministério da Saúde. Desde 10 de agosto, a iniciativa tem mobilizado agentes comunitários da saúde, equipes da estratégia de Saúde da Família, profissionais da educação e a sociedade civil de 2.339 municípios brasileiros com alta carga dessas doenças ou maior vulnerabilidade a este conjunto de doenças. Esta ação tem como público-alvo os estudantes da rede pública do ensino fundamental na faixa etária de 5 a 14 anos.

Os resultados parciais apontam que mais de 5,3 milhões de escolares receberam a ficha de autoimagem, cerca de 4 milhões devolveram a ficha à escola, 172 casos de hanseníase já foram diagnosticados e mais de 4,5 milhões de crianças foram tratadas para verminoses. Mais de 600 mil escolares foram examinados para tracoma e mais de 17 mil casos positivos foram encontrados até o momento. O fechamento dos dados ocorrerá no dia 29 de novembro.

A estratégia constitui-se na busca ativa de casos para diagnóstico precoce da hanseníase através da avaliação dos casos suspeitos identificados por meio do preenchimento da ficha de autoimagem, no tratamento quimioprofilático com albendazol para a redução da carga parasitária de geo-helmintíases e busca ativa de tracoma por meio de exame ocular externo, com tratamento dos positivos e seus contatos.

Houve uma significativa ampliação na cobertura da campanha, passando de 852 municípios em 2013 para 1.944 em 2014. Em 2014, a Campanha teve os seguintes resultados: 5,6 milhões de estudantes receberam a ficha de autoimagem, destes 4,1 milhões responderam, representando 74% do total; 231.247 alunos (5,6%) foram encaminhados às unidades de saúde para confirmação do diagnóstico; 354 (0,15%) crianças foram diagnosticadas com hanseníase. Os contatos destas crianças também foram registrados e examinados, de forma que 73 casos foram diagnosticados entre os contatos intradomiciliares dos casos novos diagnosticados na Campanha. Além disso, foram tratados 4.754.092 alunos para verminoses e 25.173 escolares foram diagnosticados para tracoma.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Novo curso da UNA-SUS aborda manejo clínico de Tuberculose e HIV


A Secretaria Executiva da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) lançou, nessa quarta-feira (18), em conjunto com a Secretaria de Vigilância em Saúde, o curso Manejo da Coinfecção Tuberculose-HIV (TB-HIV). O evento ocorreu durante o 10º Congresso de HIV/Aids, que acontece de 17 a 20 de novembro, em João Pessoa e é promovido pelo Ministério da Saúde.

As inscrições podem ser realizadas, pelo site.

O curso tem carga horária de 45 horas e é voltado para profissionais que já lidam com HIV/Aids, especialmente aqueles que prescrevem e manejam antirretrovirais. É composto por três unidades, que tratam de aspectos de apoio psicossocial e manejo clínico de coinfecção, com foco especial no diagnóstico de tuberculose nas pessoas que tem HIV. A última unidade traz casos clínicos interativos que simulam situações reais.

As três unidades iniciais são abertas a todos. Ao final dessa primeira etapa, serão aplicados questionários para selecionar profissionais que trabalham em serviços que já manejam antirretrovirais, ou que atuam em serviços especializados de atendimento de pessoas que tem HIV/AIDS. Essas pessoas terão a oferta de uma quarta unidade, que é específica para a organização do Serviços de Atenção Especializada a pessoas vivendo com HIV/Aids (SAE).

“Essa unidade trata de aspectos bem específicos sobre dispensação de medicamentos e de organização da rede”, explica a enfermeira e roteirista do curso, Olga Rodrigues.

De acordo com relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em outubro, a tuberculose é a doença infecciosa mais letal do mundo e a que mais mata pessoas com aids, segundo o Ministério da Saúde. Rodrigues explica que, por esse motivo, “é muito importante que os profissionais que atendem pessoas com HIV/Aids estejam atentos aos principais sinais e sintomas e investiguem a tuberculose para diagnosticar e tratar o quanto antes essa coinfecção”. Rodrigues ressalta que essa é a importância de tratar das duas doenças de forma conjunta e relembra o alerta do Ministério da Saúde: “a tuberculose tem cura e o HIV tem tratamento”.

A relação entre o TB e HIV

Coinfecção significa que há duas doenças presentes no organismo ao mesmo tempo. “A tuberculose tem uma peculiaridade: a pessoa pode estar infectada pelo bacilo da doença, mas não estar enferma. A maior parte das pessoas infectadas pelo bacilo não irão adoecer”, explica Rodrigues.

A OMS estima que um terço da população mundial está infectada pelo bacilo. Estima-se que, na população em geral, 10% irão adoecer: 5% nos primeiros dois anos de infecção e 5% ao longo da vida. Quem tem HIV, tem risco de 10% de adoecimento por tuberculose ao ano. Ou seja, a cada ano, 10% das pessoas infectadas pelo bacilo irão desenvolver a doença ativa.

O risco de quem tem HIV desenvolver tuberculose é 3 a 21 vezes maior que a população em geral. A infecção por HIV possibilita uma série de outras coinfecções, mas a tuberculose é bastante frequente porque atua no organismo de forma sinérgica, ou seja: a infecção por HIV facilita o desenvolvimento de tuberculose e, quando a pessoa tem tuberculose, automaticamente ela tem uma progressão da aids. “Não necessariamente quem tem tuberculose vai ser considerado um caso de aids, estando infectado pelo HIV, mas o risco de ambas doenças progredirem muito rapidamente é grande, fragiliza o organismo”, explica a enfermeira e roteirista do curso.

O processo de aprendizado é dinâmico

No aspecto de conteúdo, o curso traz várias inovações. “Para facilitar o aprendizado e tornar o processo mais dinâmico, optamos por utilizar muitos recursos visuais multimídia, como animações, vídeos e infográficos”, ressalta o gestor de oferta da SE/UNA-SUS, Francileudo Lima.

Além disso, todos os recursos educacionais do curso ficarão disponibilizados para download. Dessa forma, o aluno poderá baixar vídeoaulas, tanto no formato de vídeo como em mp3, para ouvir de qualquer lugar. As transcrições das aulas serão também disponibilizadas, garantindo inclusive a acessibilidade de pessoas com deficiência auditiva. “O aluno poderá baixar os conteúdos quando estiver utilizando a internet e estudar, mesmo quando estiver offline”, afirma Lima.

O gestor de oferta ressalta ainda que as vídeoaulas não seguem um modelo de educação formal, como nas salas presenciais. “Não fizemos uma simples reprodução do que acontece na sala de aula, pois entendemos que a educação a distância exige uma linguagem própria. Assim, otimizamos o conteúdo para torná-lo o mais direto possível”.  As aulas são mais curtas, complementadas também por textos de apoio, que contextualizam o conteúdo abordado.

A unidade sobre os casos clínicos dá oportunidade ao aluno de refletir sobre questões que serão frequentes no dia a dia das unidades de saúde.  As simulações estão bem trabalhadas e sempre há feedbacks de cada opção de resposta, bem como outros links que fundamentam e discutem o porquê da conduta escolhida pelo aluno é a mais apropriada ou não.

“Os casos clínicos são uma oportunidade interessante para que os alunos exercitem o que aprenderam no curso e que viverão na prática das unidades básicas de saúde”, finaliza Lima.

Para saber mais sobre o curso e assistir ao vídeo tutorial, acesse: http://unasus.gov.br/coinfeccao_tb-hiv.


Fonte: SE/UNA-SUS, por Claudia Bittencourt

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Ciclo de Estudos - Controle de Doenças Transmissíveis em populações vulneráveis

Amanhã em Brasília: Ciclo de Estudos - Estratégias para o controle das doenças transmissíveis em populações de maior vulnerabilidade.

Data: 20 de novembro
Local: auditório Emílio Ribas - Edifício Sede do Ministério da Saúde
Horário: das 15h às 17h

Veja mais detalhes no convite abaixo:




quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Países de língua portuguesa juntos no controle da tuberculose

Brasília, 16 de novembro de 2015 - Entre os dias 9 e 13 de novembro foi realizado, em Brasília, o Curso Internacional de Gestão da Tuberculose: Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica para gestores dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP. Foi uma iniciativa do Ministério da Saúde para dar continuidade às atividades da Rede de Investigação e Desenvolvimento em Saúde de Tuberculose (RIDES-TB) da CPLP, instituída em fevereiro de 2014.

O curso teve o objetivo de capacitar os gestores dos Programas de Controle da Tuberculose dos países convidados e foi ministrado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), do Ministério da Saúde do Brasil, e por outros convidados.

No total, cinco países enviaram seus representantes. Os convidados de Angola, Guiné Equatorial, Guiné Bissau,Moçambique e São Tomé e Príncipe compartilharam as aulas com os coordenadores dos programas estaduais de controle da tuberculose do Distrito Federal, Amapá, Roraima e o com a coordenação do programa municipal de Recife.

Entrega dos certificados
As aulas tiveram como ênfase as questões relacionadas ao diagnóstico, prevenção, tratamento, vigilância, planejamento, monitoramento e avaliação e comunicação, advocacy e mobilização social. Houve também uma oportunidade de compartilhamento de experiências por meio de apresentações dos países, estados e município da situação da tuberculose nas suas realidades. 

Para Cintia Dantas, consultora técnica do PNCT, eventos como este representam uma oportunidade de integração importante para os participantes. "Ambientes como esse proporcionam a troca de experiências e o compartilhamento de soluções para problemas que, normalmente, são comuns", conclui Cintia.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose se reúne com presidente da Frente Parlamentar de Luta contra a Tuberculose

Brasília, 10 de novembro de 2015 – Dando prosseguimento ao desenvolvimento da estratégia pós 2015 de enfrentamento à tuberculose e uma continuidade das ações da Frente Parlamentar de Luta contra a Tuberculose, foi realizada, em Brasília, uma reunião entre seu presidente, deputado federal Antonio Brito, o diretor da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (Rede TB), Afrânio Kritski, e representantes do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT).

O objetivo da reunião foi expor e discutir com o deputado os detalhes do pilar 3 da Estratégia End TB, formulada por diversos países no âmbito da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Plano Global do Stop TB Partnership (2016-2020). A estratégia é dividida em três pilares e tem metas ambiciosas para a eliminação da tuberculose no mundo até 2035: redução de mortes por tuberculose em 95% e menos de 10 casos por 100 mil habitantes.

Durante a reunião, o deputado ouviu os questionamentos e solicitações de Kritski, que representa a
comunidade acadêmica. Entre as demandas, está a criação de uma comissão interministerial para colaborar com a elaboração do Plano Nacional para a Eliminação da Tuberculose – desdobramento local da estratégia global. Também foram apresentados documentos como uma nota técnica e a Agenda Nacional de Pesquisa em Tuberculose, dividida em plataformas de pesquisa, compostas pelas lacunas, prioridades e soluções para cada tema. A Agenda Nacional de Pesquisa foi desenvolvida pela comunidade acadêmica (universidades, institutos de pesquisa, etc), gestores do nível federal, estadual e municipal e representantes da sociedade civil e do parque industrial nacional.

Antonio Brito preside a Frente Parlamentar de Luta contra a Tuberculose, formada no âmbito da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, com atuação desde 2012.

Para o deputado, esse é o espaço ideal para discussões como essa. “A Comissão é o motor de força da saúde dentro da Câmara dos Deputados. Esse espaço é ideal para trazer à luz informações e demandas da academia e da sociedade civil. O legislativo tem obrigação de discutir esses temas”.

Pilares da estratégia End TB

Pilar 1 – Prevenção e cuidado integrado com o paciente – diagnóstico, busca ativa entre populações vulneráveis, tratamento de todos os casos de TB, manejo de coinfecção, etc.

Pilar 2 – Políticas incisivas e sistemas de apoio – comprometimento político, alocação adequada de recursos, envolvimento comunitário, organizações da sociedade civil, cobertura universal em saúde, proteção social, redução da pobreza, etc.

Pilar 3 – Intensificação da pesquisa e inovação – descoberta, desenvolvimento e rápida absorção de novas ferramentas, pesquisa para otimizar a implantação e impacto das ações, etc.


Clique aqui para mais informações sobre a Estratégia End TB e sobre o Plano Global do Stop TB Partnership (em inglês).


terça-feira, 10 de novembro de 2015

Tuberculose: mudar será difícil, não mudar será fatal

Por Lucica Ditiu, Diretora Executiva Stop TB Partnership
 

Precisamos falar a sério sobre o fim da TB, indo além do "controle da tuberculose". Devemos falar de prevenção e devemos falar sobre o tratamento da infecção por TB. Temos dois bilhões de pessoas infectadas com TB e 10% deles irão desenvolver TB em algum momento durante a sua vida. Não podemos ignorar isso.

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31 de outubro de 2015 - O Relatório Global da OMS TB 2015 foi lançado há poucos dias e a principal mensagem para levar para casa é que, se queremos alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os objetivos da Estratégia End TB, precisamos mudar. Agora, não mais tarde. Já é tarde.

Levei alguns dias para juntar esses pensamentos, já que eu reli os três últimos Relatórios Globais de TB publicados em 2014, 2013 e 2012. Quando Relatório Global de TB 2014 da OMS foi lançado, com base em dados de 2013, eu escrevi um pouco dizendo "mesmos números, mesmas tendências, por isso que precisamos mudar".

Dois anos atrás, quando Relatório Global de TB 2013 da OMS foi publicado, eu disse: "O relatório da OMS mostra que os cuidados de TB podem salvar milhões de vidas, mas estamos avançando muito lentamente. Deixe-me ser claro sobre o que estamos enfrentando. No ritmo atual de progresso, não vamos eliminar a TB".

Infelizmente, todas essas declarações são válidas hoje também. E eu estou preocupada que os dados e as tendências que aparecerão no relatório do próximo ano não serão muito diferentes.

No início desta semana, na série Lancet sobre "Como eliminar a TB", a declaração gritante foi como um balde de água fria para mim e deve ser para aqueles de nós que trabalham com TB: "... há uma lacuna entre dados e implementação. O quadro político e de implementação que foram adotados nas últimas décadas simplesmente não são suficientes".

Na verdade, há vários anos, os dados foram tentando nos dizer o que fazer... temo que não tenhamos escutado muito.

Os dados de 2014 mostram a mesma tendência de declínio da incidência de TB em 1,5%, ao ano. A incidência estimada de 2014 foi de 133/100.000 (a partir de 12 /100.000 em 2013) e isso significa que, no ritmo atual, vamos atingir a meta 10/100.000 da Estratégia End TB não em 2035 -, mas em 2182.

Dos cerca de 9,6 milhões de casos de tuberculose em 2014 (um aumento de 0,6 milhões a partir de 2013 devido a melhores estimativas dos dados da pesquisa prevalência), apenas 6,3 milhões foram relatados por Programas Nacionais para a OMS. Então, os 3 milhões de casos que faltam ainda estão por aí.

Os dados de 2014 mostram que a tuberculose mata 4.400 pessoas por dia e é a doença infecciosa que mais mata no mundo. Como podemos, como seres humanos, aceitar que uma doença que é curável em seis meses mate mais pessoas do que o HIV / AIDS? Que tipo de mentes e corações que nós temos?

Há novas estimativas de 2014 para a TB em crianças - 1.000.000 casos e 140.000 mortes por ano - o dobro das estimativas do relatório do ano passado. É bom que nós saibamos mais agora e sejamos capazes de ter melhores estimativas. Mas o que sabemos agora é muito impactante - realmente temos um fardo muito maior, nós lutamos contra um monstro maior e, na verdade, nem sequer sabemos ao certo o quão grande ele é. Essa alta carga em crianças significa que há muita transmissão acontecendo - e uma falta de rastreio do contato domiciliar.

A situação da resistência MDR-TB mostra um progresso deprimentemente lento - um pequeno aumento no número de pessoas diagnosticadas com TB de 94 mil em 2012 para 123 mil em 2014 (dos quais apenas 110 mil casos de MDR-TB estavam registrados em tratamento) com apenas 50% de taxa de cura. Isto significa que ainda estamos no nível de 1 em cada 10 pessoas com MDR-TB tendo a sorte de ser diagnosticada, tratada e curada.

Todos estes dados vêm tentando nos dizer há vários anos que temos de mudar.

Precisamos promover uma revolução nos dados TB! Nós precisamos fazer estudos de prevalência e repetir - para que estejamos cientes sobre o tipo de carga que temos e onde a temos. Precisamos de todos esses dados para ser desagregados a um nível subnacional, por sexo, faixa etária, e áreas geográficas e nós precisamos usar todas essas informações para priorizar as intervenções e promover um impacto maior.

Precisamos conhecer o nosso custeio e valores financeiros e usá-los para preparar casos de investimento para TB mais sólidos e críveis. Precisamos assegurar intervenções otimizadas e obter mais de cada investimento. Não só para convencer os ministros da Saúde, mas os Ministros das Finanças e chefes de governo. A tuberculose depende dos investimentos nacionais e precisamos ter certeza de que vamos nos concentrar nisso, nos próximos anos.

Precisamos falar a sério sobre o fim da TB, indo além do "controle da tuberculose". Devemos falar de prevenção, devemos falar sobre o tratamento da infecção por TB. Temos 2 bilhões de pessoas infectadas com TB e 10% deles irão desenvolver TB em algum momento durante a sua vida. Não podemos ignorar isso. Quando é que vamos realmente começar a séria conversa sobre infecção por TB?

Precisamos encontrar os 3,3 milhões de casos que não foram notificados. O TB REACH e outros projetos têm mostrado que é possível - com uma grande mente aberta e vontade de mudar e com investimentos modestos. Precisamos ampliar os projetos de sucesso nos países, precisamos dar as mãos com as comunidades, com o setor privado, com sectores externos à saúde. Precisamos fazer busca ativa de casos e envolvimento das populações-chave e vulneráveis. Pensar em conjunto e encontrar soluções em conjunto.

Nós simplesmente não podemos dar ao luxo de ter outro relatório dizendo que 1 em 10 casos de MDR-TB foi diagnosticado, tratado e curado. Precisamos de testes de sensibilidade aos medicamentos para todos. De diagnóstico e cuidados e de um regime de tratamento curto, barato e sem os efeitos colaterais que vemos hoje. Nós precisamos aa quantidade certa de financiamento para a pesquisa e desenvolvimento para obter essas ferramentas.

Mas, enquanto isso, nós podemos fazê-lo!

Sabemos como fazê-lo, somos uma comunidade muito dedicada e trabalhadora, que não deve ser tímida ou preocupada ou constrangida por nada - deixe-nos ser ousados e fazê-lo! Não vai ser fácil - e vamos precisar de financiamento para todas estas intervenções corajosas, uma séria quantidade de fundos. A modelagem feita para o Plano Global End TB 2016-2020: A Mudança de Paradigma mostra que, se nós formos sérios sobre a implementação em escala de pacotes abrangentes de intervenções experimentadas e testadas e se queremos financiar adequadamente a investigação para o desenvolvimento de novas ferramentas com o objetivo de acabar com a tuberculose, as necessidades de financiamento tem que ser muito maior do que aquilo que estamos habituados a ter no atual Plano Global.

Não vai ser fácil conseguir este financiamento - de fontes nacionais, doadores e de um Fundo Mundial plenamente reabastecido. Não vai ser fácil. Mas não há caminho de volta - devemos fazê-lo!

Nenhuma mudança na nossa abordagem será fatal. Já é fatal para mais de 4.400 pessoas e 440 crianças todos os dias.

A mudança não começa com o dinheiro, ela começa com a gente e nossa mentalidade. Como George Bernard Shaw disse: "O progresso é impossível sem mudança, e aqueles que não podem mudar as suas mentes não pode mudar nada!"


Sei que vamos conseguir!

Dr Lucica Ditiu
Diretora executiva
Stop TB Partnership