sexta-feira, 12 de maio de 2017

Ministério da Saúde anuncia lançamento do primeiro boletim de coinfecção de tuberculose e HIV

Fonte: CNAIDS


Foram apresentados também o plano de enfrentamento para a hepatite Delta, a atualização dos PCDT (HIV/aids), a implantação da PrEP no SUS e o Congresso de HIV/Aids e Hepatites Virais (HepAids 2017) na primeira reunião do ano da Cnaids


A edição do primeiro Boletim Epidemiológico de Tuberculose-HIV, o GT de Prevenção Combinada e a revisão dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas foram anunciados pela diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais durante a 123ª Reunião da Comissão Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais (Cnaids), realizada na terça-feira, 9, em Brasília. “A Prevenção Combinada, que é um desejo do Departamento e de todos os profissionais de saúde, está prestes a se concretizar, ao ter sua última fatia integrada à mandala com a aprovação da PrEP, que já está em sua fase final”, disse a diretora do DIAHV, Adele Benzaken. Esta é a primeira reunião da Cnaids realizada em 2017.

Informações sobre o 11º Congresso de HIV/Aids e 4º Congresso de Hepatites Virais – Prevenção Combinada: Multiplicando Escolhas (HepAids 2017), a ser realizado em Curitiba, entre 26 e 29 de setembro, também foram apresentadas por Adele Benzaken. “Vamos seguir o cronograma do evento anterior, realizado em João Pessoa (PB), em 2015, com a presença marcante da sociedade civil, repetindo a experiência da Vila Social, um espaço de convivência e de atividades culturais”, afirmou. O prazo para envio dos resumos dos trabalhos foi prorrogado para até 22 de maio. O cadastro deve ser preenchido no formulário disponível no site do evento (hepaids2017.aids.gov.br).

 A coordenadora-geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose/DEVIT/SVS, Denise Arakaki, falou sobre a primeira edição do Boletim Epidemiológico TB-HIV, prevista ainda para 2017, e da primeira campanha para a população coinfectada em parceria com o DIAHV, que será lançada durante a 15ª Edição da Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), a ser realizada em junho. “Quem fala de tuberculose, tem que falar de HIV, e vice-versa”, destacou Arakaki ao justificar tanto a campanha quanto o boletim. A diretora do DIAHV lembrou que ter um boletim de coinfecção é um compromisso de longa data. “É um processo difícil, mas tem que ser feito. É dívida antiga e é importante trabalhar essa parceria. Vale lembrar que o PCDT de Adultos foi harmonizado com a equipe de tuberculose”, ressaltou. Em 2015, segundo o Programa Nacional de Controle da Tuberculose, 4.500 pessoas morreram em consequência da doença no Brasil. No mesmo ano, 6.200 pessoas vivendo com tuberculose tiveram resultado positivo para o HIV. “A tuberculose tem tratamento e tem cura, mas não podemos permitir que os números de casos da doença e de óbitos sejam tão altos”, frisou.

O consultor da área de Hepatites Virais do DIAHV Elton de Almeida participou da reunião com o tema “Plano de Enfrentamento das Hepatites Virais na Região Norte do Brasil, com enfoque na Hepatite Delta”. Até junho de 2015, o Brasil apresentou 3,6 mil casos da doença, sendo 2.481 na região Norte (67,7% do total). A dificuldade de acesso à maioria dos municípios daquela região prejudica os trabalhos de prevenção e tratamento. “Não adianta incentivar serviços sem avaliar a situação e a realidade de cada cidade”, observou Elton de Almeida.

Atualizações sobre os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) em HIV/Aids foram debatidas por Fernanda Rick, da área de Assistência e Tratamento do DIAHV. Entre as modificações no PCDT para crianças e adolescentes, que vai entrar em consulta pública, estão a incorporação dos medicamentos raltegravir, como medicação de primeira linha para início de tratamento, coinfecção com tuberculose e resgate em pacientes entre 24 meses e 12 anos de idade, e dolutegravir, como medicação de primeira linha para início de tratamento para pacientes maiores de 12 anos de idade; o uso do lopinavir e ritonavir na primeira linha para pacientes entre 14 dias e 24 meses de vida; e a atualização do quadro vacinal de HPV, com três doses para pacientes de ambos os sexos entre nove e 26 anos. Já os PCDT de adultos, transmissão vertical e PEP estão em fase de revisão.

Tatianna de Alencar, também da área de Assistência e Tratamento do DIAHV, apresentou “Proposta da implementação da PrEP de risco à infecção pelo HIV no SUS”. Durante a consulta pública, 3.500 contribuições foram enviadas para o PCDT de PrEP, que aguarda a mudança de indicação terapêutica na Anvisa. Os segmentos populacionais prioritários são gays e HSH, pessoas trans, profissionais do sexo e parcerias sorodiscordantes para o HIV.

Porém, “o simples pertencimento a um desses grupos não é suficiente para caracterizar indivíduos com exposição frequente ao HIV”, afirmou Tatianna de Alencar. Para essa caracterização, é necessário observar também as práticas sexuais, parcerias sexuais e contextos específicos associados a um maior risco de infecção”, explicou Tatianna.

A implementação da PrEP ocorrerá de as infecção pelo HIV. Estima-se a distribuição de cerca de 7.000 profilaxias para o primeiro ano de implementação nacional da PrEP.

As próximas etapas, segundo Tatianna de Alencar, são a definição conjunta com as secretarias municipais e estaduais dos serviços que iniciarão a oferta da PrEP no primeiro ano e a capacitação dos profissionais de saúde para aplicação da profilaxia.

Para a representante da Articulação das ONG/Aids da região Norte, Evaldilene dos Santos, que vive com HIV há 18 anos, a implantação da PEP e da PrEP representam alternativas ao uso do preservativo para os casais sorodiscordantes. “Eu e meu parceiro nos relacionamos com a camisinha, mas chega um momento em que queremos transar sem ela. A PEP e a PrEP podem nos dar essa oportunidade, a liberdade de escolha. Será uma nova fase para os casais”, destacou.

SOBRE A CNAIDS – Instituída em 1986, a Comissão Nacional de Aids é a principal instância de participação da sociedade civil na elaboração da resposta ao HIV/aids, IST e hepatites virais. Seu objetivo é o de assessorar o Ministério da Saúde na definição de mecanismos técnicos e científicos para controle desses três agravos. Atualmente, é integrada  por José Cândido da Silva (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa – RNP/PE); Maria Emília Gomes Ferreira (RNP/AM); Heliana Conceição de Moura (Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas – MNCP); Rafael Myranda Gomes (Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids – RNAJHVA); San Diego Oliveira Souza (RNAJHVA); Aleksanders Virgulino da Silva (Sociedade Civil – MS); Marco Aurélio Oliveira (Sociedade Civil – GO); Thatiane Aquino Araújo (Fórum ONG/Aids – SE); Roberto José da Silva (Sociedade Civil – PE); Evalcilene Costa dos Santos (Fórum ONG/Aids – PA); Claudio Toledo Soares Pereira (Fórum ONG/Aids – SP); Josimar Pereira Costa (Fórum ONG/Aids – RJ); Jorge Renato da Matta Xavier (Articulação Nacional de Saúde de Direitos Humanos – ANSDH); Lucas André Fernandes Soler (ANSDH); Alex Marcelo Amaral da Silva (Fórum ONG/Aids – SC); Carmen Lúcia de Souza Paz (Sociedade Civil – RS); Ana Maria Gomes Haensel Schmitt (Aliança Independente de Grupos de Apoio); Aristótelis Vigas de Almeida (Movimento Brasileiro das Hepatites Virais – MBHV); Veriano de Souza Terto Júnior (Articulação Nacional de Luta Contra a Aids – Anaids); Carla Patrícia Almeida (Anaids); Ester Leite Lisboa (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil – Conic); Yara Nogueira Monteiro (Conic).