terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Países do BRICS discutem pesquisas para tuberculose

Fonte: SVS Informa


O Brasil assumiu a presidência pro-tempore do Bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) este ano. Nessa condição, o País se torna o responsável por direcionar as atividades da Rede de Pesquisa em Tuberculose do Bloco. Para apoiar as pesquisas sobre o agravo, o Ministério da Saúde está financiando dois estudos no valor de um milhão de Reais cada. Com isso, o Ministério da Saúde atuará diretamente no desenvolvimento de ações para o fortalecimento da contratação de pesquisas colaborativas entre os países membros do BRICS no âmbito da Rede de Pesquisa em tuberculose. 

O tema será pauta da 4ª Reunião da Rede de Pesquisas em TB dos BRICS, que começa hoje na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e encerra na quinta-feira. Na ocasião, será definida a agenda prioritária de pesquisa para lançamento de um edital conjunto, com a participação colegiada dos cinco países. O grupo discutirá sobre o andamento das duas propostas de pesquisas já iniciadas pela Rede, além do envolvimento de outros parceiros (pesquisadores, financiadores e agências regulatórias), e discutirá sobre as demais atividades previstas para o ano de 2019.

Entre as pesquisas já financiadas pelo governo brasileiro está a validação no Brasil dos testes tuberculínicos (PPD) da Índia, China e Rússia. Trata-se de um estudo financiado pela Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), com a finalidade de validar os testes tuberculínicos no país. Atualmente, apenas uma empresa possui tal produto validado para uso no Brasil, e este estudo realizará a comparação de não inferioridade dos testes tuberculínicos. O projeto, financiado em um milhão de reais, será conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e terá seus resultados divulgados até o final 2020.

A segunda pesquisa é sobre a validação de testes rápidos para o diagnóstico de TB da Índia e da China, no Brasil. O estudo é financiando pelo Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, e objetiva a incorporação da tecnologia dos testes rápidos para o diagnóstico de tuberculose no país pelo SUS. O projeto será desenvolvido nas dependências do consórcio RePORT-Brasil, e financiado pelo governo federal também em um milhão de reais. A pesquisa será conduzida pela UFRJ em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz e a Vanderbilt University (EUA), e os resultados serão divulgados até o final de 2020.

Rede de pesquisa

A Rede Pesquisa em TB dos BRICS foi lançada em novembro de 2017, em Moscou, durante a Reunião Interministerial Global. Desde então, reuniões aconteceram como tentativas de convergir os esforços dos cinco países-membro em pesquisas em tuberculose, com vistas ao enfrentamento da endemia que afeta desproporcionalmente esses países. Essas pesquisas têm o objetivo de fortalecer a resposta dos governos à doença, especialmente por meio de discussões voltadas para o desenvolvimento de novas ferramentas e estratégias que acelerem o alcance das metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde na Estratégia Global pelo Fim da Tuberculose, e endossadas no documento “Brasil Livre da Tuberculose: Plano Nacional para o Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública”. 
 
As universidades escolhidas para a realização das pesquisas foram selecionadas de acordo sua expertise na temática (experiência no diagnóstico da infecção latente e da tuberculose), bem como na experiência dos pesquisadores envolvidos em pesquisa clínica e na validação de novos testes para diagnósticos. 
 
No âmbito da agenda de saúde dos BRICS, a Rede de Pesquisa é vista como atividade exitosa e com resultados concretos apoiados diretamente pelo Ministério da Saúde. Assim, a Pasta visa garantir a harmonização política em temas de interesse comum dos países-membros em fóruns multilaterais, como na Assembleia Mundial da Saúde (OMS) e na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

Reunião na SVS

Em reunião realizada ontem (18), na Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), a coordenadora do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (CGPNCT), Denise Arakaki, apresentou as estratégias do Brasil para o enfrentamento do agravo para representantes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS). Pela OMS, participaram da reunião Tereza Kasaeva, diretora Global de TB; Massimo Ghidinella, da unidade de doenças transmissíveis da OPAS em Washington/EUA; e Enrique Vazquez, da unidade de doenças transmissíveis da OPAS em Brasília/Brasil, além de técnicos da SVS de vários departamentos. 

Tereza Kasaeva salientou as dificuldades que países em conflito têm para enfrentar o agravo e falou dos riscos do aumento do número de casos no mundo. Massimo Ghidinella, por sua vez, parabenizou o Brasil pelos avanços obtidos no enfrentamento da tuberculose e pelas estratégias adotadas, como a ação em parceria com o Ministério da Justiça com foco na população privada de liberdade.