quinta-feira, 27 de março de 2014

Semana de luta contra a tuberculose no RJ: Informação para prevenção e combate ao preconceito

Do Rio com Saúde

Com o mote "É possível tratar. Até o preconceito." a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro promoveu atividades de mobilização e informação, no Parque de Madureira, para esclarecer a população sobre prevenção e tratamento da tuberculose. 

Realizado em parceria com o município do Rio de Janeiro e diversas ONGs, o evento teve como objetivo trabalhar o tema da tuberculose como um todo, informando mas também combatendo a discriminação em relação à doença, uma vez que o Estado do Rio apresenta a maior taxa de incidência do país - são 72 casos para cada 100 mil habitantes.

Os municípios mais atingidos são Rio de Janeiro, São João de Meriti, Duque de Caxias, Paracambi e Japeri, justamente aqueles com maior adensamento populacional. Para ter uma ideia, o estado tem 368 pessoas por quilômetro quadrado. Em São João, são 13 mil e no Rio, 5 mil. Por ano, são registrados cerca de 14 mil casos, índice que vem se mantendo nos últimos tempos. "Por isso, é importante informar a população, para evitar o diagnóstico tardio e fazer com que as pessoas infectadas não tenham vergonha de procurar as unidades de Saúde para se tratarem", explicou a coordenadora do Programa Estadual de Tuberculose, Ana Alice Teixeira Pereira.

O diagnóstico e o tratamento devem ser feitos nas unidades básicas de saúde dos municípios. Quanto mais cedo a doença for detectada, mais rápida será a cura, evitando complicações e até a morte do paciente. Por isso, a secretaria estadual vem trabalhando para ampliar a cobertura das unidades básicas e estender o horário de funcionamento das clínicas, além de equipar com CTI dois hospitais de retaguarda, onde são tratados os casos mais graves.

Segundo o coordenador da Gerência de Pneumologia Sanitária do Rio, Jorge Eduardo Pio, é preciso eliminar o estigma que a doença ainda carrega.

"Muita gente ainda acha que é feio e sente vergonha de dizer que está doente. Tem pessoas que procuram unidades de saúde longe de suas residências, para que os vizinhos não tomem conhecimento da situação. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa, mas ela depende do sistema imunológico do paciente. De cem pessoas com a bactéria, apenas 10 ficarão doentes. A Aids debilita o sistema imunológico, por isso os portadores do vírus estão mais suscetíveis", disse.

No Rio de Janeiro, a cobertura de unidade básicas de saúde é de 45% e na Região Metropolitana, de 20%. No interior, ela chega a 70%, mas nessas regiões o índice de incidência é menor. Em 2013, foram registrados apenas 397 casos em 47 municípios do interior do Estado.

A tuberculose é causada por uma bactéria, o bacilo de Koch, que se prolifera em ambientes úmidos e escuros, por isso a predominância em locais de grande adensamento populacional. Nas comunidades, o problema é maior, porque as moradias são muito próximas, dificultando a circulação de ar e a entrada de luz, com famílias numerosas convivendo, muitas vezes, em casas de um só cômodo.

"Os problemas da Saúde não estão restritos somente aos cuidados médicos. Tem a ver também com saneamento, emprego, educação e zoneamento urbano. Bairros planejados evitariam doenças como a tuberculose", destacou Ana Alice.

Atividades - O domingo (23) chuvoso não desanimou os alunos da Academia Carioca, praticantes de atividades esportivas nas Clínicas da Família do Rio de Janeiro.

Cecília Monteiro, de 64 anos, Terezinha Pereira Augusta, de 74, Nilton Pereira da Silva, de 77, e Maria José Soares, de 75, foram alguns dos alunos da professora Patrícia Cardoso Rodrigues, que chegaram cedo ao Parque de Madureira para a Caminhada de Luta Contra a Tuberculose.

"A prática de exercícios me fez muito bem, por isso sempre participo destes eventos, para divulgar a importância de cuidar da saúde", disse Terezinha.

A programação começou com uma grande aula de alongamento, substituindo a caminhada devido ao mau tempo. Durante todo o dia, o público teve acesso a quatro estandes, cada um com uma proposta diferente: terapias alternativas, como shiatsu, reflexologia plantar e auriculoterapia; jogos educativos, para atrair as crianças e disseminar a informação para os pais; combate ao tabagismo e prevenção de câncer de boca; e distribuição de folhetos e materiais informativos.

Novas edições do evento estão programadas para o dia 27, em Niterói, na Estação das Barcas, e para o dia 28, em Duque de Caxias, na Praça do Pacificador. Cumpre registrar que o Fórum ONGs Tuberculose RJ é parceiro ativo de todo esse processo de planejamento e realização das atividades.

População em situação de rua, uma prioridade.

No dia 25 de março, o Programa Estadual de controle da tuberculose realizou o II Seminário Tuberculose e a Rua que contou coma presença de representantes do Programa Nacional de Controle da Tuberculose na mesa de abertura, Professores de Universidades e Pesquisadores, além de participantes dos Consultórios na Rua de todo o Estado. 

Considerada uma das populações mais vulneráveis à tuberculose, a população que vive em situação de rua tem 44 vezes mais chance de desenvolver a doença. Por esta razão, são necessárias medidas específicas para diagnóstico, tratamento, acolhimento e acompanhamento dos casos de tuberculose nesta população.

Para saber mais sobre as atividades alusivas ao Dia Mundial de luta contra a tuberculose, acesse: www.riocomsaude.com.br