quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Coordenadores estaduais e municipais para o controle da tuberculose se reúnem em Brasília


Brasília, 25 de agosto de 2015 – Nos dias 20 e 21 de agosto de 2015, foi realizada, em Brasília, a
Reunião dos Coordenadores de Programas Estaduais e Municipais de controle da tuberculose. O encontro é realizado anualmente e tem o objetivo de promover a troca de experiências e a integração dos coordenadores, além de oferecer formação e um ambiente propício para o alinhamento das ações dos programas de controle da tuberculose.

A abertura do evento contou com a presença de Draurio Barreira, coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Marcia Leão, representante da Parceria Brasileira contra a Tuberculose, José Enio Duarte, secretário executivo do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Enrique Vasquez, coordenador da Unidade Técnica de Doenças Transmissíveis e Análise de Situação de Saúde da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Claudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis (DEVIT) e Alexandre Santos, chefe de gabinete da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.

Draurio destacou que o Brasil está numa fase em que é fundamental reforçar o foco. “Ao atingir os objetivos do milênio determinados pelas Nações Unidas, e na perspectiva das ações pós-2015, é importante determinarmos bem o nosso foco. Para nós, está claro que temos que focar nossos esforços nas populações em situação de vulnerabilidade e, mais ainda, no aumento da adesão ao tratamento e na redução do abandono”, explica Draurio.

Jose Enio Duarte lembrou a importância da integração com a área de atenção básica. “Eles são a porta de entrada e temos que estar em perfeita sintonia, principalmente com o desafio que temos para aumentar a adesão”. José Enio também foi enfático em relação à questão política. Ele ressaltou que é fundamental exigir dos gestores dos estados e municípios que a prioridade dada à tuberculose seja aplicada na prática.


Ainda durante a abertura do evento, Claudio Maierovitch também reforçou a importância de concentrar mais esforços nas populações em situação de vulnerabilidade: “ainda não temos o cuidado ideal com a população em situação de rua e podemos trabalhar para o resgate de projetos de vida, com a inclusão dessas pessoas no sistema de saúde”. Alexandre Santos finalizou a abertura destacando o quanto já foi feito para o controle da tuberculose no Brasil e dando uma injeção de ânimo ao dizer que o País está na reta final para a eliminação da doença como problema de saúde pública.

Agenda

As apresentações do encontro foram divididas em três blocos no primeiro dia: Situação Epidemiológica e Nova Estratégia Global, Vigilância/Monitoramento e Avaliação e Diagnóstico. Draurio Barreira apresentou o panorama nacional do controle da tuberculose e trouxe as perspectivas para a nova Estratégia Global. Denise Arakaki, consultora nacional para Tuberculose da OPAS, apresentou os resultados da Visita de Monitoramento da OPAS ao Brasil, realizada entre os dias 10 e 17 de agosto de 2015.

Patricia Bartholomay apresentou os dados da vigilância da tuberculose e do óbito e as estratégias de monitoramento e avaliação do PNCT. Trazendo a perspectiva do município de São Paulo sobre os casos de vigilância do óbito, Naomi Kawaoka Komatsu destacou a importância da investigação dos óbitos com suspeita de tuberculose.

No âmbito do diagnóstico, os técnicos do PNCT Ruy de Souza, Artemir Coelho e Francinelle Reis explicaram sobre a situação da Rede de Teste Rápido Molecular e sobre a cultura e teste de sensibilidade para tuberculose.

Em seguida, Daniele Kuhleis apresentou os primeiros resultados do projeto TB Reach, desenhado para aumentar a detecção de casos de tuberculose nos sistemas prisionais do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Charqueadas (RS).

Adesão ao tratamento

O segundo dia foi dedicado inteiramente ao tema da adesão ao tratamento. Isso demonstra a representatividade que a adesão tem para controle da tuberculose. As altas taxas de abandono requerem ações que estimulem os pacientes a continuar o tratamento e que deem apoio aos profissionais de saúde.

Trazendo as experiências bem sucedidas de São Paulo e do Pará, as coordenadoras Vera Galesi e Lúcia Helena Tavares apresentaram as soluções desenvolvidas pelos estados para estimular a adesão o trabalho dos profissionais. Já a professora Wania Carvalho, da Universidade de Brasília, fez uma apresentação detalhada sobre os desafios que os pacientes e os profissionais enfrentam, e motivou os coordenadores a explicarem um pouco das suas realidades no enfrentamento ao abandono.

Wania Carvalho destacou que é fundamental compreender que o indivíduo lida cotidianamente com um conjunto dinâmico de limitações. “As pessoas estão em um determinado momento seguindo seu tratamento, com maior ou menor facilidade. Temos que pensar nas características sociais, demográficas, de estilo de vida, da doença e do tratamento (múltiplas drogas), e, sem nos esquecermos da qualidade do serviço de saúde. Se nós, muitas vezes não tomamos o antibiótico receitado para sete dias, porque achamos que já estamos curados, imaginemos como é tomar por seis meses.”, exemplifica Wania.

Para contribuir com o debate e fazer uma reflexão sobre a adesão, Fernanda Dockhorn e Vânia Camargo trouxeram a perspectiva dos dados epidemiológicos que demonstram, na prática, os reflexos das taxas de abandono.

Um ponto comum e recorrente nos relatos foi a importância da interdisciplinaridade no atendimento, com a formação de equipes que valorizam a qualidade do cuidado.

Participação dos coordenadores

A agenda do evento foi desenhada para dar espaço aos coordenadores, que compartilharam suas experiências, muitas vezes, comuns a diferentes regiões do país. Houve espaço para debate e para a troca de ideias e perspectivas.

Sobre a tuberculose no Brasil


Com uma incidência de 34 casos por 100 mil habitantes, no Brasil foram notificados 68 mil casos de tuberculose em 2014. Os estados de maior incidência são Amazonas e Rio de Janeiro com 66,7 casos por 100 mil habitantes. E os estados com menor incidência são Distrito Federal e Tocantins com 11,5 casos por 100 mil habitantes. No momento, Cuiabá é a capital com maior incidência de TB com 103,9 casos por 100 mil habitantes. Palmas possui a menor taxa com 8,3 casos por 100 mil habitantes.


Atualmente, o Brasil cura 74,3% dos casos de tuberculose, quando o recomendado pela OMS é de 85%. Quanto ao abandono do tratamento, o país tem um índice de 11,1%, quando o recomendado pela OMS é de, no máximo, 5%.

Segundo a nova classificação da OMS para a epidemia de tuberculose, o Brasil possui uma epidemia concentrada em algumas populações como as pessoas que vivem em situação de rua, os privados de liberdade, a população indígena, aqueles que vivem com HIV e populações em situação de pobreza concentradas nas grandes cidades.