terça-feira, 27 de outubro de 2015

Frente Parlamentar debate a tuberculose no município do Rio

Por Observatório Tuberculose Brasil

A audiência pública foi uma articulação do Fórum ONGs TB RJ e do Observatório Tuberculose Brasil vinculado a ENSP/Fiocruz, com a Frente Parlamentar Municipal de Combate à Tuberculose, por iniciativa do vereador Eduardão (PMDB), que realizou Debate Público na Câmara do Rio, na segunda-feira (19/10), para discutir a doença e sua incidência no município do Rio de Janeiro.

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível pelo ar, que se tornou um grave problema de saúde pública no Brasil. A moléstia é curável em praticamente todos os casos, desde que o paciente seja tratado e medicado adequadamente. Embora seja comum o doente se sentir melhor após as primeiras semanas de tratamento, é fundamental continuar a medicação por, no mínimo, seis meses.

Presidindo o Debate, o vereador Eduardão (PMDB) lembrou as dificuldades sofridas pela população mais carente da cidade, ressaltando que a divulgação de informações sobre a doença pode ajudar a salvar vidas. O parlamentar ainda pediu apoio para prevenir, tratar e combater a tuberculose. "Eu peço a todos aqui a ajuda para combater esta doença. Só com a união dos Poderes e da sociedade é que vamos conseguir vencer essa guerra."

Representando o Programa Nacional do Controle de Tuberculose do Ministério da Saúde, Danielle Pelissari afirmou que o Rio de Janeiro possui um elevado índice de contaminação e a maior taxa de mortalidade do país. A doença está profundamente relacionada com a pobreza, sendo os indicadores de morte maiores entre negros e analfabetos. Danielle destacou que, embora o tratamento seja ofertado gratuitamente pelo SUS, a tuberculose foi a doença que mais causou afastamento do trabalho junto ao INSS no ano de 2012.

O diretor do CRPHF e coordenador do Fio TB Otávio Porto, e Carlos Basilia (Observatório TB) estiveram presentes ao debate, que contou ainda com a presença de gestores, profissionais de saúde, parlamentares, pesquisadores, conselheiros de saúde, ativistas e lideranças comunitárias.

“A tuberculose tem sido uma doença negligenciada no SUS, nós temos que fazer a nossa mea-culpa, não podemos esperar a melhoria das condições sociais envolvidas na determinação social da doença, a saúde pública tem que fazer mais e melhor a sua parte, atendendo a população no contexto das suas vulnerabilidades, dificuldades e reais condições de vida. Não há nada de novo no cenário do controle da tuberculose, a novidade, a exemplo dessa frente parlamentar, será a política favorecendo o controle da doença no país” - Otávio Maia Porto, diretor do Centro de Referência Professor Hélio Fraga da ENSP/Fiocruz, durante a audiência pública na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Também relacionando o índice de contaminação com a pobreza, Jorge Pio, gerente de Pneumologia Sanitária da Prefeitura do Rio de Janeiro, demonstrou a variação da endemia pelas diversas regiões do Município, comprovando que a doença ocorre com mais frequência nas áreas menos desenvolvidas da cidade. De acordo com Jorge Pio, o tratamento com medicamentos é altamente eficaz e capaz de curar até 95% dos pacientes, mas a taxa de mortalidade permanece elevada devido ao retardo na detecção e início do tratamento.

O desconhecimento da doença foi destacado por Roberto Pereira, secretário executivo do Fórum de ONGs Contra a Tuberculose. Para o secretário, a tuberculose é desconhecida até mesmo pelos médicos. Dados do Conselho Regional de Medicina indicam que quase 70% dos médicos que se formam hoje não sabem reconhecer os sintomas.

O vereador Paulo Pinheiro (PSOL) criticou a ausência de políticas básicas de prevenção de doenças nas comunidades. De acordo com o parlamentar, é importante cobrar a execução de serviços que não aparecem, como o saneamento básico, além de investir na educação dos moradores para evitar a descontinuidade no tratamento da doença.

Ana Alice Bevilaqua, coordenadora do Programa Estadual de Tuberculose (PCT/SES/RJ) chamou atenção sobre os dados epidemiológicos da doença no estado que tem a maior taxa de incidência e a mais alta mortalidade por tuberculose do país, e explicou que a tuberculose é uma doença muito relacionada à alta densidade populacional e afeta grandes centros urbanos do País. Ela disse que o Rio de Janeiro é um Estado que tem adensamento populacional na região metropolitana, com uma grande quantidade de pessoas morando em pequeno espaço. — “Isso facilita muito a ocorrência de doenças respiratórias, entre elas a tuberculose, um grande desafio de saúde pública. Aqui, na cidade do Rio de Janeiro, é onde temos a maior incidência no Estado. Este é um desafio que tem que ser enfrentado agora e é urgente, tendo em vista estes números alarmantes.”

Sonia Regina Gonçalves representante do Conselho Municipal de Saúde do Rio falou sobre a necessidade de se enfrentar e combater o preconceito e o estigma associados a doença — “Percebemos que existem pessoas que trabalham com saúde e que ainda não entendem ou não conhecem a Tuberculose. Eu vejo muita gente que ainda queima roupas, descarta talheres e discriminam pessoas que têm a doença”

O vereador Eduardão é o autor do Projeto de Lei n° 1.344/2015, que inclui no Calendário Oficial da Cidade o dia 3 de agosto como Dia de Combate à Tuberculose

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