domingo, 30 de setembro de 2012

Tuberculose é 60% maior entre a população de rua

Por Marsílea Gombata, do R7*

Considerada uma emergência pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a tuberculose atinge 1/3 da população mundial. A doença contagiosa que causa tosse contínua, febre, cansaço, dor no peito e pode levar o paciente a ter escarro com sangue, é motivo de alarme ainda maior quando se trata da população de moradores de rua, na qual a tuberculose é 60% maior em relação à população residente.

Assim, com uma população de rua de 14.775 pessoas, sendo 75% homens e 25% mulheres, a cidade de São Paulo tem na erradicação da doença um dos principais desafios da saúde publica. A médica de família Marta Regina Marques, que falou sobre o tema no IV Congresso de Medicina de Família e Comunidade,  em Águas de Lindoia, explicou:

- Levando em conta que a tuberculose é transmitida pelo ar e é 60 vezes maior na população de rua, qualquer um de nós corre risco muito maior de ser contaminado. Por isso também se pensa que se trata de uma doença milenar que ainda não foi erradicada. Coordenadora do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, no Alto da Mooca, ela contou que depois de 2008 houve um avanço no atendimento à população que vive nas ruas. Antes de programas de conscientização e atendimento como o Bom Dia, Saúde ou o Café da Manhã com TB, a adesão ao tratamento de tuberculose era de 10%.

Para chegar aos atuais 75% de adesão, o centro lançou mão de uma estratégia para transformar os próprios moradores de rua e ex-pacientes de tuberculoses que aceitam a se submeter ao tratamento em agentes comunitários de saúde, após processo seletivo e capacitação. “É um atrativo importante para eles e para nós”, disse Marta ao contar que alguns se sentem estimulados diante da possibilidade de voltar ao mercado de trabalho.

Atualmente, ela lembrou, dos 4,5 mil pacientes que o centro cuida, 35 são tuberculosos. Os números, no entanto, são inconstantes, já que muitos deixam a cidade para viver em outros municípios e Estados.

Resistência

A transmissão da tuberculose é mais suscetível em ambientes sem circulação de ar ou mesmo com falta de higiene. A especialista lembrou que se a tuberculose não for tratada adequadamente, torna-se mais resistente até criar uma multirresistência e ter de ser tratada com injeções de penicilina.

- Quando chega nesse estágio fica muito mais complicado o tratamento, porque é difícil convencer o morador de rua a tomar uma injeção que é bastante dolorida todos os dias. Por isso, é importante conscientizar essas pessoas para que se tratem o quanto antes.

*A repórter viajou a convite do evento.