quarta-feira, 27 de maio de 2015

Comitê Técnico Assessor se reúne em Brasília


Nesta terça-feira, 26 de maio, o Comitê Técnico Assessor (CTA) à Tuberculose esteve reunido em Brasília para discutir o atual cenário de políticas desenvolvidas pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose, avaliando, reformulando e propondo os próximos passos, alinhados à nova estratégia pós 2015 (End TB/OMS).  

Participaram da reunião, representantes da gestão, sociedade civil e academia. O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis (DEVIT/SVS/MS), Claudio Maierovitch, também esteve presente. 

Na pauta, a apresentação dos dados preliminares do projeto TB Reach (projeto de detecção da tuberculose em presídios brasileiros que está sendo executado em Porto Alegre, Rio de Janeiro e Charqueadas); situação da distribuição de PPD e BCG no Brasil; adesão de novos medicamentos e regimes terapêuticos; e a discussão de como o Brasil trabalhará para atingir as metas arrojadas propostas pela Estratégia End TB.

Apesar da extensa pauta, todas as discussões levavam a um objetivo comum: o plano de trabalho do Brasil para atingir as metas propostas pela nova estratégia pós 2015, como a redução em 95% dos óbitos e 90% da incidência até 2030, além de nenhuma família sofrendo os custos catastróficos relacionados à doença. 

Dividida em três pilares, a nova estratégia amplia as ações de controle da doença, valorizando as ações de inovação e a incorporação de novas tecnologias, incluindo ações de proteção social aos pacientes e recomendando o acesso universal à saúde.

Devido à experiência em cobertura universal por meio do Sistema Único de Saúde e às propostas de proteção social para o enfrentamento da tuberculose, o Brasil foi protagonista na construção desta nova estratégia, especialmente o Pilar 2 que trata da proteção social.

De acordo com o coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Draurio Barreira, o Brasil já tem avançado na luta contra os determinantes sociais da tuberculose. 

“Muitos estados e municípios já oferecem algum tipo de suporte social durante o tratamento da doença, como ticket alimentação e vale transporte", explicou.

Para ele, as articulações intersetoriais são fundamentais para garantir os direitos das pessoas com tuberculose e contribuir para a adesão ao tratamento a partir do recebimento de benefícios sociais e do acesso a programas já existentes, diminuindo a taxa de abandono e consequentemente a incidência de manifestações resistentes. 

Reconhecendo a necessidade de respostas multissetoriais, o país tem discutido e elaborado propostas na área de proteção social para o enfrentamento da tuberculose, por meio de parcerias intersetoriais.

É o caso da criação da Frente Parlamentar de Luta contra a Tuberculose (2012) e o estabelecimento de uma Comissão Especial do Congresso Nacional destinada a analisar e diagnosticar a situação em que se encontram as políticas de governo relacionadas às doenças determinadas pela pobreza (2013), ambas as iniciativas inserem a temática da tuberculose na agenda do parlamento brasileiro.

Também merece destaque a construção do plano de ações conjuntas entre Saúde e Assistência Social em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. No final do ano passado, o primeiro produto deste trabalho foi publicado: um instrutivo operacional que estabelece  as diretrizes de como os equipamentos sociais devem atender as pessoas com tuberculose.

Apesar dos avanços, o secretário-executivo da Parceria Brasileira de luta contra tuberculose, Carlos Basilia, alertou para o não cumprimento da Resolução n°444 do Conselho Nacional de Saúde, em sua integralidade, e sugeriu a participação de representantes do Conselho na próxima reunião do CTA. Reforçou, também, a necessidade de se fortalecer a comunicação entre os parceiros.

Na discussão do pilar 3 (Pesquisa e Desenvolvimento) apresentado pelo diretor da Rede-TB, Afrânio Kritski, também ficou clara a necessidade de se desenvolver trabalhos intersetoriais, buscando novos parceiros na gestão ou no setor privado, bem como estabelecendo uma maior comunicação entre as próprias instituições de pesquisa que trabalham com tuberculose. 



quinta-feira, 14 de maio de 2015

Incidências, persistências e reticências.

Segundo o dicionário de símbolos, o número sete representa “a totalidade, a perfeição, a consciência, a intuição, a espiritualidade e vontade. O sete simboliza também conclusão cíclica e renovação. Mas justamente por representar o fim de um ciclo e o começo de um novo, é um número que também traz a ansiedade pelo desconhecido”.

Apesar do clima chuvoso em Brasília, em pleno mês de maio, onde os ipês já deveriam estar florindo e a cidade deveria estar encardida de poeira do cerrado, a VII Assembleia da Rede Brasileira de Comitês de Tuberculose parecia um piquenique sabático e ensolarado, à beira da praia, com referências regionais dos mais diversos lugares do país. 

Abará? Tinha. Azulejos maranhenses? Também. Rapadura? Mole não estava. Mate? Vi uma cuia passando por ali. Milonga? Cantada e encantada. O molejo do Carlos? Acordou a todos depois do almoço.

Talvez seja o número sete, talvez. O fato é que mesmo com pouco recurso, a assembleia foi um sucesso. 

O aperto na sala? Aqueceu do frio outonal. A sala de audiovisual? Rendeu boas risadas. A baixa diária? Aproximou o coletivo. O entendimento-desentendido foi finalmente compreendido e transformado na primeira proposta a ser apresentada pela Rede Brasileira de Comitês para as Conferências de Saúde e Assistência Social. Para ler o documento, clique aqui.

Tuberculose? Bom, essa passou longe dos pulmões, mas bem perto dos corações.

Diferentemente das reuniões do Comitê gestor, que acontecem duas vezes por ano, a assembleia permite a participação de outros 2 integrantes de cada comitê, o que acaba por enriquecer ainda mais as discussões, as propostas e os produtos advindos do encontro.

Milonga da tuberculose agitando a Assembleia!
A participação de Sueli, Promotora de Justiça do Pará, reforçou a importância do diálogo com os diferentes setores (aquela tão sonhada intersetorialidade!) e enriqueceu a discussão e a revisão da agenda política da Rede. 

Os agentes comunitários de saúde do município de Itaiópolis, Aldair, Altair, Claudinete e Ziluá trouxeram a milonga “Hoje eu sei, a tuberculose tem cura!” que ganhou o primeiro lugar do Concurso de Paródias da Tuberculose de Santa Catarina. O remédio lúdico para encorajar pacientes e profissionais de saúde a abraçarem o tratamento e a causa em forma de poesia.

O querido Otávio, do Ceará, certamente teria ficado orgulhoso do quarteto. Infelizmente, ele teve um problema de saúde e não pode participar de todo o encontro. Logo ele que sempre lutou pela inclusão da poesia nos demais eventos da Rede, que sempre trouxe música, esquete, e o sorriso implacável de quem ama as artes. O que importa é que nosso ativista cearense está bem cuidado e certamente foi lembrado em cada estrofe da milonga recitado.

Depois de seis assembleias tratando de temas que pudessem fortalecer politicamente, tecnicamente e economicamente os comitês, a sétima nos brindou com a apresentação de experiências exitosas que vão muito além do setor saúde e buscam atender ao usuário em sua integralidade. (Para conhecer a agenda política clique aqui)

É o caso do projeto “Pactu pela cura” da cidade de São Paulo, que tem como estratégia de adesão ao tratamento, o desenvolvimento do Projeto Terapêutico Singular (PTS) para pessoas com tuberculose que vivem em situação de rua. A partir da articulação intra e intersetorial, o projeto vai muito além da cura da doença e busca o resgate da autoestima, da cidadania e da conquista da inclusão social. Saiba mais sobre o projeto aqui.

Abertura: Virgínia Perrucho (BA), Euclides Neto (AM),
Fabio Moherdaui (PNCT), Carlos Duarte (CNS)
e Jucileide Nascimento (CNAS)
Se o objetivo principal do evento era a incidência política nas conferencias, este foi alcançado com maestria.

A mesa composta pelo Conselheiro de Saúde, Carlos Duarte, e pela Conselheira de Assistência Social, Jucileide Nascimento, não poderia ter incitado  debate melhor, talvez o mais rico das Assembleias.

Nunca antes na história deste país... Diria certo político.

Além disso, a apresentação da nova estratégia global pós 2015, alinhada às resoluções do Conselho Nacional de Saúde e à agenda política da Rede, retirou a estratégia global daquele lugar etéreo, distante, quase ficcional, e o trouxe para a realidade local, mostrando que ainda que em diferentes esferas, o trabalho, a busca e as metas são as mesmas. Confira aqui a apresentação.

Tanto a discussão como a apresentação subsidiaram a construção de uma proposta a ser defendida nas Conferências de Saúde e de Assistência Social, disputando, com outras tantas, um lugar ao sol nos documentos finais de cada uma. 

Posse dos novos integrantes do Comitê Gestor
Ainda que a proposta não seja incluída, a maior vitória é da Rede de Brasileira de Comitês de Tuberculose, que entre trancos e barrancos (Ah, essa crise econômica!), sai da sétima Assembleia mais unida e fortalecida, com ferramentas capazes de transformar um tema tão delicado como a saúde (ou seria a falta dela?) em alegria de ser e de viver. Seja para o usuário, ativista, gestor ou profissional da saúde.

Ah! Um salve para os novos representantes do Comitê Gestor da Rede empossados na ocasião! Aos que partem, a nossa eterna gratidão. Aos que chegam, o legado e o bastão!




Atenção: quem tiver fotografia e quiser compartilhar com os colegas, podemos criar um álbum conjunto e publicar num link compartilhável para download.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Visita técnica revela trabalho de excelente qualidade nos laboratórios de Manaus



De 15 à 17 de abril, técnicos do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) foram a Manaus para verificar o funcionamento dos laboratórios com o teste rápido para tuberculose.

Além dos técnicos do PNCT, Darcita Rovaris, bioquímica chefe do setor de tuberculose do LACEN de Santa Catarina e monitora da área de diagnóstico do PNCT, também participou da visita técnica. Manaus foi escolhida para esta visita uma vez que realiza uma boa quantidade de testes e também por ter participado da implantação do novo teste desde o projeto de validação do novo método diagnóstico em 2012, junto com o Rio de Janeiro.

No primeiro dia da visita  foi realizada reunião com a participação do Laboratório Central (LACEN), o Programa Municipal de Controle da Tuberculose (PMCT), o Programa Estadual de Controle da Tuberculose (PECT) e a Coordenação da área de laboratórios do município, para obter uma visão geral do sistema de laboratórios de Manaus, com foco na realização do teste rápido para tuberculose.

No dia seguinte, foram visitados dois laboratórios, um no período da manhã (Laboratório Distrital Sul) e outro à tarde (Laboratório Distrital Leste), onde foi possível observar um fluxo de trabalho de alto nível. Tanto os técnicos do ministério da saúde como a especialista Darcita ficaram impressionados com a organização do serviço.

De acordo com Darcita, os laboratórios de Manaus tem desenvolvido um trabalho com áreas de abrangência bem definidas, com equipes muito comprometidas e coesas. . Ela também destacou que os laboratórios tem realizado o diagnóstico da TB conforme protocolo do MS, registrando e avaliando seus dados periodicamente, além de se preocuparem com evolução do tratamento paciente. Há também um laboratório para realizar o controle de qualidade das baciloscopias e são realizadas rodas de conversa periódicas nas unidades de saúde nas quais o tema tuberculose é discutido, juntamente com temas como DST/AIDS e Saúde da Mulher.

O que mais chamou a atenção da especialista foi o fluxo de coleta das amostras para exame.

“Esse comprometimento da Secretaria de Saúde de Manaus em disponibilizar tantos veículos (17) para recolher diariamente as amostras e levá-las aos laboratórios, é realmente um grande diferencial dos demais municípios. Eles contam com a logística do fluxo de recolhimento das amostras dos 89 postos de coleta diária bem definida”.

Além disso, os laboratórios de Manaus utilizam dois sistemas de informação, o do município - Softlab - e o Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) para liberação dos laudos.

“Gostei muito do que vi, um trabalho como este merece destaque e deveria ser apresentado para os demais estados. Não poderia deixar de salientar o maravilhoso acolhimento dos profissionais e gestores do município”, finalizou.

No terceiro e último dia de visita, os técnicos conheceram o barco da secretaria de saúde, um serviço itinerante que atende populações ribeirinhas e que também recebeu uma máquina para realização de teste rápido para tuberculose.