Por: Nana Soares, em Agência de Notícias da AIDS
Apesar de avanços nos últimos anos, o Brasil ainda está muito aquém de sua capacidade no que diz respeito ao tratamento da tuberculose, especialmente nos casos de coinfectados com o HIV. Esta é a análise do médico e coordenador do Programa Nacional de Tuberculose do Ministério da Saúde, Dráurio Barreira. Durante palestra no IX Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de DST e V Congresso Brasileiro de Aids, que acontece em Salvador, o especialista trouxe como desafios a ampliação do teste rápido para a tuberculose e a integração entre os tratamentos das duas doenças.
No Brasil, único País das Américas entre os que têm uma alta prevalência de tuberculose, a população que vive com o HIV tem 35 mais vezes mais chances de contrair a doença do que os soronegativos. A tuberculose também é a primeira causa de morte entre os portadores do vírus da aids.Ter HIV significa ter taxa de cura de tuberculose de 53%, contra 82% do resto da população.
“Um dos maiores desafios é enxergar o paciente como uma pessoa, como um conjunto, e não tratar separadamente o HIV/aids e a tuberculose”, ressaltou Draurio.
Entre as prioridades nacionais para reduzir a coinfecção em soropositivos estão a intensificação do diagnóstico da tuberculose, o início da terapia antirretroviral logo após o início do tratamento da tuberculose, independentemente da carga viral e imunidade do paciente com HIV, e o controle da infecção no serviços de saúde, especialmente na ponta. O diagnóstico da tuberculose deve, ainda, se basear em outros sintomas que não só a tosse contínua.
Dráurio defende também a iniciativa de utilizar o Serviços de Atendimento Especializados em HIV/aids (SAEs) para tratar a coinfecção. Segundo ele, a atenção básica dificilmente teria condições de tratar os coinfectados com a mesma qualidade. “E é necessário consolidar os SAEs como referência para esse tipo de tratamento”, afirmou.