Ministro da Saúde, Marcelo Castro, na abertura |
João Pessoa, 20 de novembro de 2015 – A capital paraibana
recebeu o 10º Congresso de HIV/Aids e o 3º Congresso de Hepatites Virais, entre
os dias 17 e 20 de novembro. Com o mote “Novos Horizontes, Novas Respostas”, o
evento reuniu cerca de 2,5 mil pessoas, em João Pessoa, e foi organizado pelo
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em
Saúde, do Ministério da Saúde.
Novos horizontes pedem novas respostas para a Aids e as
hepatites. Por isso, a programação do congresso permeou temas como: coinfecção
hepatites-HIV, as metas de redução dos níveis epidêmicos da aids até 2030,
inovações em testes diagnósticos e medicamentos, a busca da cura da hepatite C
e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, acordados no âmbito das Nações
Unidas.
A coinfecção TB-HIV esteve presente em diferentes momentos
do congresso:
- Oficina – Discussões de casos clínicos de coinfecção
TB-HIV;
- Lançamento do curso de Manejo da coinfecção TB-HIV da
UNA-SUS;
- Evidências científicas em adesão ao tratamento (Adesão e
saúde mental no cuidado a coinfectados TB-HIV);
- Roda de Conversa sobre TB no Sistema Prisional – Projeto
TB Reach;
- Coinfecção TB-HIV: Cenário Mundial, cenário nacional e o
que mais podemos fazer.
Casos clínicos
Na atividade pré-congresso, a oficina que trouxe para a
discussão casos clínicos de coinfecção TB-HIV contou com a participação de
Sumire Sakabe, médica infectologista, responsável pelo atendimento das pessoas
com coinfecção por HIV e tuberculose do
Centro de Referência e Treinamento em DST Aids do Estado de São Paulo; Valéria
Cavalcanti Rolla, médica do Centro de Pesquisa Hospital Evandro Chagas, no Rio
de Janeiro; e Magda Maruza Melo de Barros Oliveira, pneumologista, da
Secretaria de Saúde Amaury de Medeiros , da Universidade de Pernambuco e da
Fundação Oswaldo Cruz.
Curso de Manejo da
coinfecção TB-HIV
Durante o congresso, a Secretaria Executiva da Universidade
Aberta do SUS (UNA-SUS) lançou, no dia 18, em conjunto com a Secretaria de
Vigilância em Saúde, o curso Manejo da Coinfecção Tuberculose-HIV (TB-HIV). Um
curso online, auto instrucional, com
carga horária de 45 horas voltado para profissionais que já lidam com HIV/Aids,
especialmente aqueles que prescrevem e manejam antirretrovirais. Os
profissionais que fizerem o curso completo e finalizarem as avaliações terão um
certificado de conclusão de curso com a carga-horária especificada. As inscrições, abertas no momento do
lançamento, tiveram bastante procura.
Veja mais detalhes do curso clicando aqui.
Adesão e saúde mental
no cuidado a coinfectados TB-HIV
No dia 19, foi realizada uma mesa sobre evidências
científicas em adesão ao tratamento. A coordenadora do Programa de DST/Aids e
Hepatites Virais da Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul, Lucy Cavalcanti
Ramos Vasconcelos, falou sobre a atualização científica em adesão ao tratamento
antirretroviral.
Já para tratar de adesão e saúde mental no cuidado das
pessoas com coinfecção TB-HIV, a psicóloga Helena Maria Medeiros Lima trouxe
alguns aspectos como a questão do luto duplo para a pessoa com coinfecção, a
depressão e outros aspectos psicológicos que devem ser levados em conta pelo profissional
de saúde no momento do acolhimento. Helena destacou a importância de repensar
as velhas respostas, fazendo-se novas perguntas. Para ela, é fundamental
entender a individualidade de cada paciente para pensar em estratégias de
estímulo à adesão.
Zarifa Khoury, médica infectologista do Hospital Emílio
Ribas, falou sobre os casos de abandono de tratamento no município de São
Paulo.
Conversando sobre a
tuberculose no sistema prisional
Como parte das atividades paralelas, foi realizada uma roda
de conversa sobre o problema da tuberculose no ambiente carcerário. O
disparador da conversa foi o projeto TB Reach, implementado pelo Programa
Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) em conjunto com o Escritório das
Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). O projeto engloba o Presídio
Central de Porto Alegre (RS), o complexo de Charqueadas (RS) e o complexo
penitenciário de Bangu (RJ).
O encontro aconteceu no espaço do estande da ONU e contou
com a presença dos monitores do projeto, com profissionais de saúde da atenção
básica e da saúde prisional, entre outros participantes.
Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.
Coinfecção
tuberculose-HIV no Brasil e no mundo
No último dia do congresso, profissionais de saúde,
representantes da sociedade civil, imprensa e outros congressistas se reuniram
na sala Bessa do Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima, para falar
sobre a coinfecção TB-HIV.
Denise Arakaki, médica infectologista do Governo do Distrito
Federal, explicou o panorama global sobre a coinfecção e pontuou a importância
das ações colaborativas para enfrentar a sindemia entre as duas enfermidades.
“Estudos mostram que onde há maior incidência de HIV, também existe alta
incidência de tuberculose. Por isso, se fala em uma sindemia, quando duas ou mais
enfermidades têm uma interação tão sinérgica”. Denise também destaca que, mais
do que colaborar, é preciso que haja integração das ações. “Os programas de
tuberculose e de HIV devem estar sempre alinhados para o controle e prevenção
da coinfecção”, conclui.
Para falar do cenário brasileiro, Daniele Pelissari, servidora
do PNCT, trouxe dados epidemiológicos e destacou que alguns estados ainda têm
baixos números para a realização do teste de HIV entre pacientes diagnosticados
com tuberculose, ainda que seja uma recomendação do programa nacional. “A média
nacional é boa, mas ainda faltam esforços em alguns estados para aumentarmos a
detecção. Muitas pessoas com tuberculose que não estão sendo testadas podem ser
infectadas pelo HIV. Onde estão esses pacientes?”, questiona Daniele.
Trazendo uma perspectiva local dos trabalhos integrados, Ana
Paula Costa, coordenadora do programa estadual de controle da tuberculose do
Espírito Santo, demonstrou como a priorização política na coinfecção TB-HIV é
fundamental. Ana Paula apresentou dados e ações, como a testagem para HIV,
manejo clínico e o tratamento para a infecção latente da tuberculose.
Representando o Departamento de DST, Aids e Hepatites
Virais, Marcelo Araújo de Freitas apresentou as metas de redução dos níveis
epidêmicos da Aids e o plano global de eliminação da tuberculose como um problema
de saúde pública. Marcelo destacou como um ponto importante o início imediato
do tratamento antirretroviral. A terapia diminui o risco de adoecimento por TB
em pessoas que vivem com HIV/Aids e isso pode representar um avanço no controle
da coinfecção. “Temos que pensar além da redução da mortalidade por TB. O ideal
é que consigamos evitar a infecção e o adoecimento por tuberculose”, conclui
Marcelo.
Sociedade Civil