*Imagens: Carlos Basília
Rio de Janeiro, 05 de maio de 2016 – Em reunião ordinária do
Fórum ONGs Tuberculose RJ, ativistas, profissionais de saúde, acadêmicos e gestores
discutiram sobre o ativismo em tempos de crise, apresentaram o programa Sala de
Convidados do Canal Saúde da Fiocruz, com foco específico sobre a tuberculose e
determinantes sociais, discutiram a pesquisa qualitativa com a abordagem “Qualidade
do programa de controle da Tuberculose: Análise quali-quanti do acesso,
abandono ao tratamento e dos serviços de saúde do município do Rio de Janeiro”,
entre outros informes.
Para a coordenadora do programa de tuberculose do município
de Itaboraí, Maria José Fernandes Pereira (a Zezé), apesar de todas as
dificuldades, não se pode desistir. “Esta não é a primeira, nem será a última
crise que enfrentaremos. Temos que nos reinventar e ter muita resiliência. É importante
que busquemos energia para fazer tudo o que estiver ao nosso alcance nessa luta”,
explicou Zezé.

A pesquisa apresentada foi realizada por César Augusto Paro
e Luiza Lena, sob a orientação do professor Veriano Terto, do Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). As informações levantadas na pesquisa apontam para os diversos fatores
de abandono do tratamento. A pesquisa avaliou experiências inovadoras (que vão
além do tratamento diretamente observado – TDO) para a adesão ao tratamento,
destacando a importância de se aproveitar o saber da comunidade, além da
questão do altruísmo e do espírito de doação dos profissionais que atuam
diretamente na criação do vínculo com o paciente.
Destacaram também que a formação dos profissionais de saúde e
até da gestão é ainda muito “dura” e, em geral, se enxerga somente o problema
clínico e não as questões sociais em que o paciente está inserido.
Para Carlos Basília, coordenador do Observatório Tuberculose
Brasil e Secretário Executivo da Parceria Brasileira contra a Tuberculose, as
dificuldades de adesão ao tratamento estão ligadas ao estigma que a doença
ainda carrega. “A tuberculose ainda é tema de um preconceito que influencia a
questão da adesão. Uma das formas de minimizar o estigma é por meio da
informação. A doença ainda é um assunto negligenciado nas diversas esferas,
como a mídia, governo, etc. As discussões sobre o estigma devem estar inseridas
nas campanhas de tuberculose de todos os níveis”, destacou Basília. Ele lembra
ainda que este é o maior desafio que o País enfrenta hoje para o controle da
doença já que tem impacto direto nos indicadores de cura e mortalidade.
Quando se falou sobre o Ativismo em tempos de crise, as reações
não foram muito otimistas já que o efeito dominó provocado pela falta
generalizada de recursos traz consequências para todas as áreas da sociedade. No
caso do enfrentamento de doenças como a tuberculose, há fatores que extrapolam a
gestão da saúde, como, por exemplo, a questão da nutrição. O anúncio do
fechamento de restaurantes populares traz uma preocupação a mais para os
ativistas que trabalham na luta contra a TB.
Ainda se discutiu como os movimentos sociais podem incidir
de maneira mais eficaz nas esferas municipal, estadual e federal de governo,
para influenciar nas tomadas de decisão em relação à tuberculose.

O Dr Claudio Costa Neto, autor do livro “Tuberculose e
Miséria” e diretor-presidente do Instituto Vila Rosário, concordou com Zezé e
destacou que a sociedade consegue se organizar e fazer muitas coisas sem
depender do estado, principalmente em tempos de crise. “A comunidade tem
condições de implementar ações e desenvolver atividades de auto-cuidado. Se
esperarmos apenas as ações do estado, não conseguiremos suprir as necessidades
de cada uma das comunidades, especialmente as mais carentes”, complementou o
professor emérito do Instituto de Química da UFRJ, responsável pelo trabalho de
controle da tuberculose na comunidade de Vila Rosário em Duque de Caxias, no
Rio de Janeiro.
O encontro, realizado no auditório da Federação dos
Bandeirantes do Brasil, no centro do Rio, reuniu cerca de 20 pessoas e contou
com a representação do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, com a
presença da técnica Luciana Nemeth.
Clique aqui para ver o Programa Sala de Convidados – Tuberculose e Determinantes Sociais de Saúde
Com a participação de Carlos Basília, Roberto Pereira e
Jorge Pio, coordenador do programa de tuberculose do município do Rio de
Janeiro.
Agenda da reunião
1. Recepção dos Participantes;
2. Ativismo em tempos de crise - Avaliação da atual
conjuntura e propostas de ação;
3. Devolutiva da abordagem qualitativa da pesquisa
"QUALIDADE DO PROGRAMA DE CONTROLE DA TUBERCULOSE: ANÁLISE QUALI-QUANTI DO
ACESSO, ABANDONO AO TRATAMENTO E DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO" - César Augusto Paro - IESC/UFRJ;
4. Considerações sobre a apresentação do Fórum na Plenária
do Conselho Municipal de Saúde RJ;
5. Informes sobre a Reunião com o Secretario Estadual de
Saúde RJ e retomada das ações previstas no Plano de Estratégico TB/HIV;
6. Participação no Programa SALA DE CONVIDADOS - Canal
Saúde/FIOCRUZ;
7. Assuntos Gerais