Genebra,
28 de outubro de 2015 – A luta contra a tuberculose está dando resultados, com
a taxa de mortalidade desse ano tendo caído pela metade quando comparada a
1990. Ainda assim, 1,5 milhão de pessoas morreram de TB em 2014. A maioria
dessas mortes poderia ter sido evitada, de acordo com o Relatório Global de
Tuberculose 2015, da Organização Mundial da Saúde (OMS), lançado hoje em Washington.
Para
reduzir a carga total de tuberculose, as lacunas de detecção e tratamento devem
diminuir e a falta de recursos e de testes diagnósticos, medicamentos e vacinas
deve acabar. As maiores melhorias foram detectadas a partir de 2000, o ano em
que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) foram estabelecidos. No
total, o diagnóstico e o tratamento efetivos salvaram 43 milhões de vidas entre
2000 e 2015, de acordo com o relatório, o vigésimo de uma série anual de
avaliações da OMS.
“O
relatório mostra que o controle da tuberculose teve um impacto enorme em termos
de vidas salvas e pacientes curados”, destaca a Diretora geral da OMS, Margaret
Chan. “Esses avanços são encorajadores, mas se o mundo quer acabar com essa
epidemia, é fundamental aumentar o nível dos serviços e investir criticamente
em pesquisas”, complementa.
Esses
avanços incluem o alcance dos ODMs, que estabeleciam a queda e reversão da taxa
de incidência de TB até 2015. O objetivo foi alcançado globalmente e em 16 dos
22 países de alta carga, que, juntos, somam 80% dos casos. Mundialmente, a
incidência de TB caiu 1,5% ao ano desde 2000, com uma redução total de 18%.
“Apesar
dos ganhos, o progresso no controle da TB está longe de ser suficiente”,
declara Dr Mario Raviglione, Diretor do Programa Global de TB da OMS. “Ainda
encaramos uma carga de 4.400 pessoas morrendo de tuberculose todos os dias, o
que é inaceitável numa era em que se pode diagnosticar e curar quase toda
pessoa com TB.”, conclui.
Em 2014, a
TB matou 890 mil homens, 480 mil mulheres e 140 mil crianças. A tuberculose
está no mesmo patamar do HIV como maior causa de mortes por doença infecciosa.
Das 1,5 milhão de pessoas mortas por TB em 2014, 400 mil eram HIV positivas. O
total de mortes por HIV em 2014 foi de 1,2 milhão, o que incluiu as 400 mil
mortes por TB entre pessoas com HIV.
O
relatório desse ano descreve um total global mais alto para novos casos de TB
(9,6 milhões) quando comparado a outros anos. Entretanto, esses números
refletem o aumento e melhoria na coleta de dados nacionais, e não significam maior
propagação da doença. Mais da metade dos casos de TB (54%) ocorreram na China,
Índia, Indonésia, Nigéria e Paquistão. Entre os novos casos, estima-se que 3,3%
são de tuberculose multirresistente (TB-MDR), um nível ainda estável ao longo
dos anos mais recentes.
Ações necessárias para melhorar os níveis de
diagnóstico e tratamento
O
relatório destaca a necessidade de melhorar os níveis de detecção e tratamento,
acabar com a falta de recursos e desenvolver novos diagnósticos, medicamentos e
vacinas. A lacuna de detecção ainda é significativa. Dos 9,6 milhões de pessoas
que adoeceram por tuberculose em 2014, 6 milhões (62,5%) foram identificados pelas
autoridades nacionais. Isso significa que, mundialmente, mais de um terço
(37,5%) dos casos ficaram sem diagnóstico ou não foram reportados aos serviços
de saúde. A qualidade do cuidado para as pessoas nessa situação também é
desconhecida.
As lacunas
de detecção e o tratamento são especialmente sérias entre pessoas com TB-MDR,
que representa uma crise de saúde pública. Dos 480 mil casos estimados em 2014,
somente um quarto – 123 mil – foram detectados e reportados. Os três países com
o maior número de casos são China, Índia e a Rússia.
O início
do tratamento para aqueles diagnosticados com TB-MDR aumentou substancialmente
e quase todos os casos detectados em 2014 tiveram o tratamento iniciado. 44
países reportaram taxas de cura para pacientes com TB-MDR de mais de 75%. Ainda
assim, globalmente, os dados mostram uma média de taxa de cura de somente 50%
dos pacientes tratados para TB-MDR.
O
tratamento está melhorando, com 77% dos pacientes identificados com a coinfecção
TB-HIV tomando medicamentos antirretrovirais em 2014. O número de pessoas
vivendo com HIV que receberam tratamento para infecção latente de TB chegou a
quase um milhão em 2014, um aumento de cerca de 60% comparado a 2013. Mais da
metade (59%) dessas pessoas estão na África do Sul.
Falta de recursos atrapalha o progresso
acelerado
“A razão
principal para a lacuna de detecção e tratamento é a falta de recursos
financeiros”, explica Dr Winnie Mpanju-Shumbusho, Diretora Assistente para HIV,
TB, Malaria e Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS. Essa falta chegou a 1,4
bilhão de dólares dos 8 bilhões necessários para implementar as intervenções.
Além disso, uma lacuna de, pelo menos, 1,3 bilhão deve ser preenchida para a
pesquisa, que incluiria o desenvolvimento de novos diagnósticos, medicamentos e
vacinas.
A partir
de 2016, o objetivo global deverá mudar de controle da TB para a eliminação da
epidemia de tuberculose. A Estratégia Fim da TB, adotada por todos os
estados-membros da OMS, serve como uma diretriz para os países reduzirem a
incidência de TB em 80% e a mortalidade em 90%, eliminando os enormes custos
para as unidades que tratam TB até 2030.
“Eliminar
a epidemia de TB é agora parte da agenda dos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável”, diz Dr Eric Goosby, Enviado Especial para Tuberculose da ONU. “Se
queremos alcançar a eliminação, necessitamos muito mais investimentos – num nível
condizente a uma ameaça global. Também necessitamos progredir para a cobertura
de saúde global e diminuição da pobreza. Queremos que as comunidades mais
vulneráveis no mundo todo sejam prioridade nos nossos esforços”, conclui.
Situação do
Brasil
Entre os
22 países de alta carga (número absoluto de casos de tuberculose), o Brasil se
encontra na 18ª posição. No ano anterior, estava em 16ª, o que representa uma
redução no número de casos de tuberculose quando comparado com os demais países
de alta carga. Vale destacar que essa lista corresponde aos países que,
somados, representam 80% do número de casos de tuberculose no mundo, ainda que o
Brasil, com seus cerca de 73 mil casos, represente menos de 1% dos casos.
Entre os
países que reportaram os dados para a OMS (dados estimados), o país está nos
seguintes rankings:
o
Coeficiente de incidência: 109ª posição com 44/100.000 habitantes
o
Coeficiente de mortalidade: 116ª posição com 2,6/100 mil habitantes
o
Coeficiente de prevalência: 114ª posição com 52/100 mil habitantes
O Brasil
cumpriu os três objetivos para 2015 (diminuir pela metade a incidência,
prevalência e mortalidade). Outros oito países considerados de alta carga
também alcançaram as metas: Camboja, China, Etiópia, Índia, Myanmar, Filipinas,
Uganda e Vietnã.
No que diz
respeito ao financiamento das ações, três grupos de países contam com mais de
90% de financiamento de ordem nacional: BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), países em desenvolvimento e regiões fora da África e Ásia.
Com
relação à vigilância da tuberculose resistente aos fármacos no Brasil, há
perspectiva de qualificação dos dados com a implantação da rede de vigilância
sentinela. Essa atividade é reforçada devido à implantação da Rede de Teste
Rápido para Tuberculose no país, que teve início em 2014, uma vez que o teste
rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) é capaz de identificar a resistência
à rifampicina em até duas horas.
Entre os
22 países de alta carga, as maiores taxas de detecção de casos de tuberculose
(>80%), em 2014, foram as do Brasil, China, Filipinas e Rússia. A maioria
dos países de alta carga alcançaram pelo menos 85% de cura dos casos de
tuberculose. Alguns países ainda precisam avançar, como é o caso do Brasil, Rússia,
África do Sul, Tailândia, Uganda e Zimbábue.
Em relação
à capacidade da rede laboratorial do Brasil, o país alcançou os dois principais
indicadores do The Global Plan to StopTB
2011–2015. O Brasil é um país de alta carga de TB, entretanto, baixa carga
de TB-MDR (Tuberculose multirresistente).
O Brasil
possui 3.382 laboratórios (lab.), sendo 1,6 lab./100.000 habitantes, atingindo
a meta de pelo menos 1/100.000 habitantes. Em relação à cultura são 324 laboratórios
sendo 7,9/5 milhões de habitantes, atingindo a meta de 1 para cada 5 milhões. Ainda é um desafio a ampliação da
realização de teste de sensibilidade às drogas de primeira linha, sendo que 26
laboratórios realizam esse teste, perfazendo 0,6/5 milhões de habitantes
(principalmente rifampicina e isoniazida), abaixo da meta de 1/5 milhões.
Até dezembro de 2014, 48 municípios implantaram
o TRM-TB, sendo que atualmente são 92 municípios com esse teste implantado.
Baseado nas orientações da OMS sobre a utilização do TRM-TB, o teste está
indicado para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e
crianças, também está indicado para pessoas vivendo com HIV/Aids, pessoas com
risco de desenvolver tuberculose resistente, e alguns casos de suspeita de TB
extrapulmonar.
Clique aqui para acessar o relatório, aqui para acessar o sumário executivo e aqui, para os perfis dos países.
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Fonte: site da OMS