Brasília, 08 de outubro de 2015 – “A tuberculose é a doença
infecciosa que mais mata no mundo. Já fizemos grandes avanços para controla-la mundialmente,
mas se continuarmos nesse ritmo, levaremos, pelo menos, 200 anos para eliminar
a doença.” Essa é a fala contundente do deputado inglês Nick Herbert, que
esteve no Congresso Nacional para chamar a atenção para o controle da
tuberculose no mundo.
Herbert é presidente da Frente Global de Enfrentamento à
Tuberculose e participou de reuniões com deputados da Frente Parlamentar de
Luta contra a Tuberculose no Brasil e de uma audiência pública específica sobre
o tema.
Sob o comando do deputado Antonio Brito, presidente da
Frente Brasileira, a audiência, realizada no dia 08 de outubro, contou com as
apresentações de Herbert, Antônio Carlos Nardi, Secretário de Vigilância em
Saúde, do Ministério da Saúde, Luis Codina, representante adjunto da
Organização Pan-Americana de Saúde e Carlos Basília, Secretário da Parceria
Brasileira contra a Tuberculose.
O objetivo da audiência pública, articulada entre a Frente
Parlamentar, a Frente Global e o Programa Nacional de Controle da Tuberculose,
do Ministério da Saúde, foi debater o papel do parlamento na luta contra a
tuberculose no mundo.
Para Nick Herbert, o papel do parlamentar é fundamental para
garantir a presença desses temas no debate político de cada país. "À
medida que novas ameaças como o Ebola demandam a atenção de todo o mundo,
precisamos lembrar aos líderes políticos que a tuberculose ainda mata 1,5
milhões de pessoas todos os anos, o que significa que a cada dois dias ela mata
tantas pessoas como o Ebola matou no total. O mundo não pode se dar ao luxo de
fazer escolhas entre enfrentar uma ou outra doença – é preciso lutar em todas
as frentes para vencer a todas as epidemias”, afirmou Herbert.
Com o apoio do deputado Antonio Brito, um dos signatários fundadores
da Frente Global, Herbert pediu aos demais deputados brasileiros que também se
unam ao grupo, firmando a declaração de Barcelona, instrumento que oficializa a
formação da frente. O grupo já conta com quase 600 deputados, de 97 países, em
menos de um ano desde sua formação (Novembro de 2014).
No dia anterior, Nick Herbert participou da reunião
ordinária da Comissão de Seguridade Social e Família, dividindo a mesa com Lord
Jim O’Neill, Secretário do Tesouro do Reino Unido e criador do Acrônimo BRICS, e
Dame Sally Davies, Diretora Médica do Governo Britânico. Durante a reunião, além
da tuberculose, foram abordados os temas da resistência microbiana aos
antibióticos e a necessidade de pesquisa e desenvolvimento para a produção de
medicamentos e diagnósticos mais modernos, além do uso indiscriminado de
antibióticos na pecuária.
Eles foram unânimes em reforçar a importância da ação
coordenada entre os países e como o Brasil pode ter um papel protagonista na
cooperação com outras nações em desenvolvimento. “Temos que investir agora na
produção de medicamentos mais eficazes e deve ser um trabalho conjunto. O risco
de epidemias causadas por micróbios resistentes aos antibióticos é muito alto e
os países mais afetados seriam os que estão em desenvolvimento.”, explica O’Neill.
A reunião contou com a participação de 42 deputados, que
fizeram diversas perguntas aos palestrantes e destacaram a questão dos
determinantes sociais para a propagação da tuberculose e outras doenças
negligenciadas.
Visita à Rocinha*
Matt Oliver, Maria Helena Carneiro, Rita Smith e Nick Herbert |
Em visita à comunidade da Rocinha, guiados por Carlos Basília,
secretário executivo da Parceria Brasileira Contra a Tuberculose e coordenador
do Observatório Tuberculose Brasil, e Rita Smith, fundadora e presidente do
Grupo de Apoio aos Pacientes e Ex-pacientes de Tuberculose da Rocinha (Gaexpa),
Matt Oliver, representante da Frente Global de Enfrentamento à Tuberculose, e o
deputado britânico Nick Herbert puderam conhecer melhor as relações entre os
determinantes sociais e a incidência da doença.
A visita foi motivada pelo interesse pessoal do parlamentar
inglês de conhecer uma comunidade com alta incidência da doença, um serviço
público de saúde, as condições de vida das pessoas afetadas pela tuberculose, e
as ações promovidas pela sociedade civil, ONGs e grupos comunitários. O
parlamentar abriu mão da prerrogativa de uma segurança especial na sua condição
de autoridade internacional e se dispôs a andar a pé pelas ruas, ladeiras e
vielas da comunidade, e de forma muito descontraída, simpática e atenciosa conversou
com os moradores, pacientes de tuberculose e profissionais de saúde.
Frente Parlamentar de
Luta Contra a Tuberculose no Brasil
Criada em 8 de maio de 2012,
a Frente Parlamentar era uma reivindicação antiga de ativistas e gestores da
saúde pública e se materializou a partir da iniciativa do Deputado Antônio
Brito, presidente da Comissão de Seguridade Social e Família, com o objetivo de
acompanhar a política nacional de controle da tuberculose, buscando, de forma
contínua, aperfeiçoar a legislação relacionada à saúde, assistência social e
outras políticas vinculadas, a partir das comissões temáticas nas duas Casas do
Congresso Nacional.
Campanha Nacional de Tuberculose 2015
Com o mote “testar, tratar e
vencer”, a campanha é protagonizada pelo jogador de futebol Thiago Silva.
“Tuberculose existe, mas tem cura”, alerta o jogador no vídeo. O zagueiro foi
diagnosticado com a doença em 2005, quando jogava em um time russo. Ele
retornou ao Brasil, onde recebeu tratamento gratuito pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), foi curado e seguiu a carreira de jogador.
A falta de informação pode
ser um obstáculo ao diagnóstico e ao tratamento. Por isso, as peças da campanha
alertam que pessoas com tosse por mais de três semanas - principal sintoma da
doença – devem procurar um serviço de saúde. Além disso, para serem curados, os
pacientes não podem interromper o tratamento, que dura seis meses. O objetivo
da campanha é levar mais informação às pessoas, para acabar com o preconceito
sobre a doença.
*Com informações do Observatório Tuberculose Brasil