Mais de 60 pessoas, em sua maioria representantes da sociedade civil, participaram da audiência que foi presidida pelo deputado Lula Morais (PCdoB), único deputado presente.
Também participaram do debate, o presidente da Frente Parlamentar Municipal de Luta Contra a AIDS, vereador Acrísio Sena (PT); a representante da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, Telma Alves Martins; o presidente do Conselho Estadual de Saúde do Ceará, João Marques de Farias; o promotor da Promotoria de Justiça e Defesa da Saúde Pública, Antônio Tadeu Filho; dentre outras autoridades.
O deputado, e propositor do debate, Lula Morais iniciou a discussão lembrando que tanto a aids como a tuberculose são grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Destacou que somente no Ceará foram notificados 11.759 casos de aids, desde o o primeiro diagnóstico em 1983 e que o Brasil faz parte dos 22 países responsáveis por 80% dos casos de tuberculose em todo o mundo. Segundo Lula, as ações de combate a estas doenças vão da prevenção à uma assistência integral aos pacientes, com a participação permanente dos poderes públicos.
Segundo a coordenadora do Programa Estadual de controle da Tuberculose, Sheila Santiago, a audiência pública sela um momento histórico para a tuberculose, um momento ímpar. Lembrou que além de ser um problema de saúde pública, a tuberculose é também um problema social. Destacou ainda que o controle da tuberculose no Ceará só será possível se houver uma ação integrada entre governo, sociedade civil e os parlamentares que se dedicarem a apoiar a causa.
Para o enfermeiro e representante do Comitê Estadual de luta contra a tuberculose, Fagner Lopes, é impossível olhar para o HIV e esquecer a tuberculose, e vive-versa. Ele destacou que os profissionais de saúde devem estar atentos à coinfecção, visto que a tuberculose é uma das doenças oportunistas que afeta o paciente com HIV, sendo a mais letal nessa população. "Precisamos unir forças. O executivo, o legislativo e a sociedade civil. Só assim teremos mais chances de sucesso no enfrentamento à epidemia da aids e da tuberculose no Ceará e no Brasil.", reforçou.
O representante da Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV/aids (RNP+/CE), Otávio Vasconcelos, relatou que há dois anos o movimento social vem pleiteando a formação de uma Frente Parlamentar Estadual de Luta contra a aids e a Tuberculose. "Foram inúmeras as reuniões junto a parlamentares para que se alcançasse o primeiro passo: levar a discussão sobre aids e tuberculose para dentro da Assembleia Legislativa. Durante esse processo entendemos ser mais estratégico solicitar uma frente parlamentar mista, visto que a tuberculose é a doença que mais mata pessoas que vivem com HIV".
Otávio destacou ainda que essa articulação ganhou mais força quando foi inserida no plano de trabalho do Comitê Estadual de Combate a Tuberculose do Ceará. "Planejamos toda a ação de mobilização com o objetivo de sensibilizar o parlamento sobre o tema e a necessidade de discuti-lo no âmbito da assembleia legislativa para que, a partir do entendimento dessas endemias, pudessem ser tomadas as providências cabíveis, seja a criação de uma frente parlamentar ou um projeto de lei", explicou.
Ele também apresentou um documento a ser encaminhado às Comissões de Saúde e Seguridade Social e de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, com as principais reivindicações do movimento e proposta de criação de uma Frente Parlamentar Mista de luta contra a Aids e a tuberculose.
Dentre as reivindicações do movimento social, cabem destacar: a importância do passe livre para o acesso aos serviços de saúde; a provisão de incentivos sociais para adesão das populações mais vulneráveis ao tratamento; a inclusão destes pacientes nos programas sociais do governo federal; a sustentabilidade das casas de apoio e o acesso universal e integral aos serviços de saúde.
*Com informações do Comitê Estadual de Combate a Tuberculose e da Assembleia Legislativa do Ceará.